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A ministra da Cultura do Brasil anunciou esta segunda-feira que a UNESCO se disponibilizou para contribuir para a reparação do acervo artístico e arquitetónico no Palácio do Planalto, vandalizado pelos apoiantes do antigo presidente Jair Bolsonaro.

“Recebi uma chamada de Marlova Noleto, diretora e representante da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) no Brasil, que se pôs à disposição para contribuir para o restauro e recuperação das sedes dos três poderes e de tudo o que foi destruído”, disse Margareth Menezes num anúncio nas redes sociais, citado pela agência de notícias EFE.

Milhares de apoiantes do antigo presidente Jair Bolsonaro invadiram e causaram avultados danos no interior dos edifícios dos poderes executivo, legislativo e judicial, com elevado valor patrimonial, este domingo em Brasília.

Durante quatro horas e meia, os grupos de extrema direita passearam livremente no Palácio do Planalto, sede do Governo, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal, deixando um rasto de destruição à sua passagem.

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De acordo com o executivo, há muitos quadros rasgados ou vandalizados, especialmente fotografias.

Entre as obras vandalizadas no Palácio do Planalto está o quadro “As Mulatas”, uma das obras mais importantes do artista brasileiro Di Cavalcanti, cujo valor está estimado em oito milhões de reais, mais de 1 milhão de euros.

“É espantoso tudo o que temos estado a vier desde os ataques terroristas deste domingo em Brasília”, escreveu a ministra, salientando que as obras fazem parte do “património histórico material e imaterial do Brasil”.

Prometendo “avaliar os danos e começar a recuperação urgentemente”, a ministra convocou para hoje uma reunião com os técnicos do Instituto do Património Histórico e Artístico Nacional para avaliar a situação.

Os manifestantes avançaram e furaram as barreiras montadas pela polícia, e imagens dos invasores dentro do salão verde do Congresso, dentro e fora do Palácio do Planalto e do STF foram divulgadas nas redes sociais.

Os radicais, que não reconhecem o resultado das eleições presidenciais de 30 de outubro, nas quais Lula da Silva derrotou Bolsonaro por margem estreita, pediram uma intervenção militar para derrubar o Presidente brasileiro.

A polícia brasileira começou por usar gás lacrimogéneo para tentar, sem sucesso, travar os manifestantes, mas em seguida a Polícia Militar conseguiu recuperar as três instituições e desocupar totalmente a Praça dos Três Poderes, numa operação que resultou em pelo menos 300 detenções.

A invasão, condenada de imediato pela comunidade internacional, começou depois de militantes da extrema-direita brasileira – apoiantes do anterior presidente – terem convocado um protesto para a Esplanada dos Ministérios, em Brasília.

Lula da Silva manteve hoje uma série de reuniões de alto nível no seu gabinete, o único local que foi poupado no domingo pela invasão.

O Presidente optou por despachar a partir do seu gabinete no Palácio do Planalto para mostrar que os atos violentos dos radicais de extrema-direita não irão paralisar as instituições de poder.