Acompanhe aqui as últimas notícias sobre a invasão em Brasília.

Portugal foi célere a reagir aos acontecimentos em Brasil. E o Brasil notou essa rapidez na reação. Na conversa ao telefone que teve com Marcelo, Lula agradeceu a “manifestação pública pela condenação e repúdio dos atos praticados em Brasília” que chegou de Lisboa. Na nota pública que divulgou no site da Presidência, Marcelo manifestou-se contra os atos que, “além de inconstitucionais e ilegais, são inadmissíveis e intoleráveis em democracia” e reforçou “o apoio e a total solidariedade de Portugal para com o poder legitimamente eleito no Brasil”.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa discursa durante a cerimonia de abertura solene do Ano Letivo da Academia da Força Aérea, na Base Aérea N.º 1, em Sintra, 29 de novembro de 2022. RODRIGO ANTUNES/LUSA

Também o Governo português se pronunciou sobre as “ações de violências” e aquilo que classificou como “manifestações anti-democráticas”. O executivo reiterou também o “apoio inequívoco às autoridades brasileiras na reposição da ordem e da legalidade”.

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“O Governo transmite a sua inteira solidariedade à Presidência da República do Brasil, ao Congresso e ao Supremo Tribunal Federal, cujos edifícios foram violados nas manifestações anti-democráticas que tiveram lugar esta tarde”, lê-se numa nota publicada no Portal Diplomático.

Augusto Santos Silva, presidente da Assembleia da República e segunda figura do Estado português, exprimiu também “o mais veemente repúdio pelo ataque ao Congresso do Brasil”. Santos Silva apresentou “toda a solidariedade às instituições democráticas brasileiras e, em particular, ao Senado e à Câmara de Representantes”, palco de invasões que deixaram um rasto de destruição nos edifícios que servem de casa aos vários poderes no Brasil — legislativo, executivo e judicial.

Portugal foi o primeiro, mas não foi o único país a condenar a invasão — e a destruição e, nalguns casos, a pilhagem — dos edifícios do Congresso, do Palácio do Planalto e do Supremo Tribunal Federal. As reações chegaram de muitos pontos do globo.

Ataque contra “governo democraticamente eleito.” As reações em Portugal

Ao longo das horas seguintes, e enquanto iam sendo divulgadas nas redes sociais imagens do assalto aos edifícios de Brasília, somavam-se reações. Desde logo, em Portugal, com os vários partidos a condenar, de forma unânime, os acontecimentos deste domingo. “O PS condena todas as ações que pretendem colocar em causa os governos democraticamente eleitos”, escrevia o partido numa nota tornada pública.

O PS também já manifestou o seu apoio ao Governo do Presidente brasileiro, Lula da Silva, salientou a defesa do Estado de Direito e apelou ao regresso rápido à normalidade democrática no Brasil. A posição consta de uma nota divulgada pela direção do PS. “O PS apoia o Governo de Lula da Silva, legitimamente eleito nas últimas eleições pelo povo brasileiro. O PS condena todas as ações que pretendem colocar em causa os governos democraticamente eleitos”, refere a nota do partido.

Na mesma mensagem, os socialistas salientam depois que estarão “sempre ao lado da defesa do Estado de Direito” e apelam “ao regresso rápido à normalidade democrática no Brasil”. Um país “irmão, a cujo Governo e povo expressamos a nossa solidariedade”, acrescenta o PS.

“Um dia negro e triste para o Brasil”, escreveu o líder do Chega, André Ventura, que se dirigiu diretamente ao ex-Presidente Jair Bolsonaro:

Às vezes, os líderes têm de ir contra os seus próprios movimentos e apoiantes para fazer valer as regras democráticas (…) e esse é o apelo que faço [ao ex] Presidente Jair Bolsonaro e ao Partido Liberal [do Brasil] para que serene os ânimos e que possa dar às autoridades novamente condições de ocupar os edifícios da democracia brasileira.”

No Twitter, a coordenadora do Bloco de Esquerda referiu-se a um “tempo é de todos os perigos”. Catarina Martins compara os seguidores de Bolsonaro com os de Trump e fala no “mesmo ódio à democracia”, dizendo que “o tempo é de todos os perigos”

Outro deputado, Rui Tavares, considera que os acontecimentos deste domingo são “a prova de que esses nacionalistas internacionais se imitam e contam com as mesmas cumplicidades”. Condenando a invasão das instituições brasileiras, o deputado do Livre fez também uma paralelismo com o que se passou em janeiro de 2021, em Washington, quando apoiantes de Donald Trump invadiram o Capitólio dos Estados Unidos.

“A tentativa de golpe em curso em Brasília, decalcada do 6 de janeiro 2021 em Washington, é a prova de que esses nacionalistas internacionais se imitam e contam com as mesmas cumplicidades. A resposta deve ser solidariedade com os democratas brasileiros e rejeição de qualquer golpismo”, escreveu Rui Tavares.

Inês Sousa Real, líder do PAN, considerou que as invasões mostram “o perigo das forças políticas antidemocráticas”. Sousa Real considerou também inaceitável a invasão das principais instituições brasileiras por parte de apoiantes do ex-Presidente Jair Bolsonaro e salientou que a violência e a desordem não podem ser toleradas. “A violência e a desordem não podem ser toleradas, minam a democracia.” Noutro paralelo com a invasão do Capitólia, nos Estados Unidos, a deputada única do PAN acrescentou que esta ação ocorrida em Brasília, “tal como a que aconteceu nos Estados Unidos, mostra bem o perigo das forças políticas antidemocráticas”.

“Terrorismo” e “vandalismo”. As reações no Brasil

Dos juízes do Supremo Tribunal Federal aos membros do Governo, líderes do Congresso e do Senado, também dentro do Brasil, naturalmente, os vários responsáveis políticos e judiciais foram tomando posição sobre as invasões deste domingo.

Session of the Brazil's electoral court

Alexandre de Moraes, presidente do Supremo Tribunal Federal

Alexandre de Moraes, presidente do Supremo Tribunal Federal, classificou as manifestações e, sobretudo, a invasão do Congresso, Palácio do Planalto e Supremo Tribunal como “desprezíveis ataques terroristas à democracia”. E garantiu que o caso será investigado. Os manifestantes serão “responsabilizados, assim como os financiadores, instigadores, anteriores e atuais agentes públicos que continuam na ilícita conduta dos atos antidemocráticos”, acrescentou.

Da parte do ministro da Justiça, a garantia de que as ações dos manifestantes “não vão prevalecer”. Flávio Dino, o atual ministro da Justiça brasileiro, garante que está a acompanhar a situação no Ministério e que está em contacto com o governador de Brasília (Distrito Federal, responsável pela resposta policial). “Essa absurda tentativa de impor a vontade pela força não vai prevalecer”, garante Dino, que diz que “haverá reforços” da presença policial em Brasília.

Já o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, reagiu às notícias da invasão repudiando “veementemente esses atos antidemocráticos, que devem sofrer o rigor da lei com urgência”. escreveu Pacheco no Twitter. O senador disse ainda que o governador de Brasília, Ibaneis Rocha, garantiu que “os esforços de todo o aparato policial” estão concentrados para travar esta situação.

O Congresso presidente da Câmara dos Deputados garante que o Brasil “nunca dará espaço para vandalismo”. No Twitter, Arthur Lira reagiu à invasão para dizer que “o Congresso Nacional jamais negou voz a quem queira se manifestar pacificamente. Mas nunca dará espaço para a baderna, a destruição e o vandalismo”. Os responsáveis, garantiu, “serão punidos”.

Um pedido de desculpas a Lula. Foi isso que o governador de Brasília, Ibaneis Rocha, fez questão de tornar público, considerando também “inaceitável” a situação em Brasília.

Num vídeo publicado nas redes sociais, Ibaneis Rocha disse que o aconteceu foi “simplesmente inaceitável” e recordou que, entre a véspera das invasões e domingo, conversou várias vezes com o ministro da Justiça, Flávio Dino, sobre o elevado número de apoiantes de Bolsonaro que se deslocavam até Brasília. “Nunca imaginaríamos que as manifestações tomassem as proporções que tomaram”, afirmou o governador, sinalizando que quem as levou a cabo são “verdadeiros vândalos e terroristas”.

Ibaneis Rocha indicou que quer ver os manifestantes “punidos”. “O que aconteceu foi inaceitável e em momento nenhum vou admitir isto”, rematou.

A mesma linha de argumentação do secretário de Segurança de Brasília (e conhecido bolsonarista, que entretanto foi afastado das suas funções). Anderson Torres falou em “cenas lamentáveis” e dizia ainda ter tomado “providências imediatas” para se restabelecer a ordem.

Torres é um conhecido bolsonarista, que foi ministro da Justiça de Jair Bolsonaro. Nas mensagens que tornou públicas, quando ainda estava em funções — a exoneração foi decretada durante a tarde de domingo — o agora ex-secretário de Segurança de Brasília pedia ação de “todo o efetivo” da polícia após os atos de “vandalismo” e a “depradação” de instituições brasileiras. “Determinei que todo o efetivo da PM [Polícia Militar] e da Polícia Civil atue”, garantiu.

Torres foi acusado por vários aliados do governo, como a presidente do PT, de não estar a responder efetivamente à situação.

A presidente do PT atirou ao governador do distrito de Brasília, acusando-o de ter “responsabilidade” nas ações que desembocaram na invasão do Congresso. No Twitter, a presidente do PT — partido de Lula da Silva — atacou o governo do distrito federal de Brasília. “Foi irresponsável frente à invasão de Brasília e do Congresso Nacional”, diz Gleisi Hoffman.

A dirigente do PT considerou que a invasão do edifício do Congresso “é um crime anunciado contra a democracia, contra a vontade das urnas e por outros interesses” e atira diretamente a Ibaneris Rocha: O “governador [de Brasília] e seu secretário de segurança, bolsonarista, são responsáveis pelo que acontecer.”

Ex-ministro da Justiça de Bolsonaro — antes de cortar com o ex-Presidente do Brasil — e uma figura que ganhou projeção nacional pela intervenção que teve no Processo Lava Jato, Sérgio Moro apelou aos manifestantes para que se retirassem e considerou que a invasão e destruição provocadas pelas manifestantes “não são respostas”. “Protestos têm que ser pacíficos. Invasões de prédios públicos e depradação não são resposta”, escreveu.

Líderes europeus

Entre líderes das várias instituições europeias e líderes de países europeus, as várias mensagens divulgadas sublinhavam a importância de defender a democracia e manifestavam preocupação com os acontecimentos em Brasília.

Roberta Metsola, presidente do Parlamento Europeu, mostrou-se “profundamente preocupada” com a violência naquele estado brasileiro e defendeu que “a democracia deve ser sempre respeitada”. A líder afirma que o Parlamento Europeu “está ao lado do Governo” do Presidente Lula da Silva e “de todas as instituições legitima e democraticamente eleitas”.

Da parte do Conselho Europeu, Charles Michel fez questão de lembrar — num momento em que o resultado das presidenciais de outubro são questionadas pelos manifestantes pro-Bolsonaro — que Lula foi eleito “em eleições livres e justas”. Charles Michel manifestou a “condenação absoluta” pela invasão aos edifícios que rodeiam a Praça dos Três Poderes. “Apoio total ao Presidente Lula da Silva, democraticamente eleito por milhões de brasileiros em eleições livres e justas”, escreveu.

A Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, considerou o ataque “uma grande preocupação para todos nós, defensores da democracia” e manifestou o seu “total apoio” a Lula da Silva.

Presidente da Comissão Europeia condena ataque no Brasil e diz-se preocupada

A Lula, Emmanuel Macron manifestou “o apoio incondicional da França”.

E Pedro Sánchez, líder espanhol, condenou “rotundamente” o ataque deste domingo. “Condenamos rotundamente o assalto ao Congresso do Brasil e fazemos um apelo ao imediato regresso à normalidade democrática”, escreveu Sánchez no Twitter.

O ex-presidente do Governo espanhol, José Maria Aznár, também manifestou apoio ao Presidente brasileiro e condenou “qualquer intenção de subverter a ordem constitucional” numa mensagem divulgada nas redes sociais.

A primeira-ministra italiana também se pronunciou, Giorgia Meloni considerou que as invasões “são inaceitáveis e incompatíveis” com a democracia, e apelou a um rápido regresso à normalidade.

O vice-primeiro-ministro irlandês, Micheál Martin, condenou o “ataque violento contra a democracia” no Brasil, admitindo estar “profundamente preocupado” e sublinhando o apoio da República da Irlanda ao Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva.

Na mesma linha, o primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, considerou “inaceitável” o assalto ao Congresso, ao Supremo Tribunal Federal e ao Palácio do Planalto do Brasil e manifestou o seu apoio ao Presidente brasileiro, lembrando que foi “democraticamente eleito” pelos brasileiros.

Reações de outros líderes mundiais

Algumas horas mais tarde, o Presidente dos Estados Unidos definiu como “ultrajante” aquilo que aconteceu no estado que serve de centro de poder no Brasil. Da Venezuela, do Chile e de Angola foram chegando mais mensagens de solidariedade para com Lula.

President Biden Hosts News Conference With President Volodymyr Zelensky Of Ukraine At The White House

Joe Biden, Presidente dos Estados Unidos

João Lourenço, Presidente angolano, condenou de forma “vigorosa e firme” os “atos antidemocráticos”. “Na qualidade de Presidente ‘pro tempore’ da CPLP e na de Presidente da República de Angola expresso a mais vigorosa e firme condenação aos atos antidemocráticos que estão a ser praticados no Brasil, ao longo do dia de hoje, contra instituições que representam e simbolizam a Democracia brasileira”, escreveu João Lourenço, numa mensagem divulgada na página da Presidência de Angola na rede social Facebook.

O chefe de Estado Angolano manifestou a convicção de que irá exercer a sua autoridade e “repor sem demora a ordem democrática no país”. João Lourenço lembrou o que o resultado de outubro decorre de eleições “reconhecidas mundialmente como livres, justas e transparentes, não fazendo assim qualquer sentido as reivindicações atuais”. “Consideramos estas manifestações lamentáveis e reveladoras de um elevado grau de intolerância não compatível com as regras do jogo democrático, em que os resultados legitimados pelo voto popular devem ser reconhecidos e aceites por todos”, escreveu João Lourenço.

E Nicólas Maduro disse ver “com preocupação” as ações de “grupos fascistas e de extrema direita”.

Também o Presidente do Chile tornou pública uma mensagem em que falava num “ataque covarde e vil contra a democracia”, anunciando “todo o apoio” ao governo brasileiro. “O governo do Brasil conta com todo o nosso apoio”, garantiu o chefe do executivo chileno, definindo o sucedido como um ataque “covarde e vil” contra a democracia.

“Fascismo decidiu dar um golpe”, escreveu o Presidente da Colômbia, pedindo uma “reunião urgente” da Organização dos Estados Americanos, ao mesmo tempo que enviada “toda” a sua “solidariedade” a Lula da Silva e ao povo brasileiro.

Por sua vez, o primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, considerou que “a transferência pacífica do poder e o respeito pela vontade do povo são fundamentais numa democracia” e acrescentou que o seu país espera trabalhar com o Presidente brasileiro.

Notícia atualizada às 13h05 com mais reações de líderes mundiais