O governo japonês anunciou uma nova medida de combate à desertificação do meio rural: até 2027, as famílias que abandonem Tóquio e se mudem para o interior do país receberão um subsídio único de 1 milhão de ienes (cerca de 7045 euros) por cada filho menor que tenham a cargo.

O projeto do governo conservador liderado por Fumio Kishida visa reverter o fluxo migratório de grande parte da população para a capital do país. A área metropolitana de Tóquio é a mais populosa do mundo, com cerca de 37,4 milhões de habitantes — número que cresceu 16% nos últimos 20 anos, isto apesar de a população do país ter baixado no mesmo período.

A medida pretende abranger cerca de dez mil famílias. Para serem elegíveis, estas devem manter residência fora de Tóquio por um período não inferior a cinco anos, e ter pelo menos um membro do agregado familiar que trabalhe ou esteja em processo de montar um negócio. Caso estas condições não sejam cumpridas, as famílias terão de devolver o subsídio.

As opiniões sobre a medida dividem-se, e há quem considere que esta não contribui para resolver o problema de fundo. Gearoid Ready, colunista da Bloomberg e do Japan Times, defende que, ao invés de subsídios, o governo deveria esforçar-se por consolidar municípios e criar centros populacionais mais atrativos. “Aquilo que o Japão precisa não é de mais pessoas fora de Tóquio — precisa de mais Tóquios”.

A medida é semelhante a uma outra, em vigor desde 2019, que oferece aos habitantes do centro de Tóquio uma ajuda financeira de 3 milhões de ienes (mais de 21 mil euros) para se mudarem para as periferias da cidade. A medida não teve a adesão esperada — apenas 71 famílias aderiram no primeiro ano, e o número só aumentou com o início da pandemia e a implementação do teletrabalho.

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