O Instituto Português do Sangue reforçou, esta terça-feira, o apelo à dádiva, lembrando que os meses de janeiro e fevereiro “são os mais críticos” e que uma dádiva de sangue pode salvar a vida a três pessoas.

Em declarações à agência Lusa, a presidente do Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST), Maria Antónia Escoval, explicou que nestes meses há sempre uma diminuição das dádivas, “por um lado, por causa das infeções respiratórias, por outro, por causa das condições atmosféricas, que condicionam bastante a disponibilidade dos potenciais dadores se deslocarem aos locais de colheita”.

Precisamos de todos aqueles que possam fazer, que realizem a sua dádiva. E para todos os que nunca deram sangue, esta é uma excelente oportunidade para o fazerem pela primeira vez”, disse a responsável, sublinhando: “se pensarmos que uma dádiva de sangue pode salvar até três pessoas, é um gesto de extraordinária solidariedade”.

Segundo a informação disponibilizada à Lusa, com dados até esta terça-feira, as reservas de sangue e componentes sanguíneos do IPST situam-se entre os quatro dias para O positivo e O negativo, cinco dias para A negativo e 45 dias para AB positivo.

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Os dias de reserva considerando as existências nos hospitais situam-se entre os 18 dias para O positivo, os 20 dias para A positivo e os 57 dias para AB positivo.

Esta manhã, a Federação Portuguesa de Dadores Benévolos de Sangue (FEPODABES) alertou para a necessidade de mobilização urgente dos dadores, considerando que os últimos dados oficiais apontam para “níveis preocupantes” das reservas de diversos grupos sanguíneos.

Questionada pela Lusa, Maria Antónia Escoval explicou que o IPST considera como nível de reserva “ótimo” os sete dias, mas sublinha que “todos os dias se fazem colheitas de sangue” e que, prevendo a situação nos meses de janeiro e fevereiro, o instituto “já está a fazer apelos em duas rádios e tem também ‘spots’ para as televisões”.

“Por outro lado, deslocalizámos sessões de colheita do mês de dezembro, uma vez que a situação esteve estável no mês de dezembro, para o mês de janeiro”, acrescentou.

Os dados enviados à Lusa indicam que em 2021 se inverteu a tendência de diminuição do número de dádivas e de pessoas dadoras verificada desde 2008.

Segundo o IPST, em 2021 aumentou o número de dadores que realizaram dádiva (valor superior ao de 2018), assim como o número de dádivas e dadores de primeira vez.

“Esta tendência de aumento do número de dadores e de dádivas manteve-se em 2022”, segundo o instituto.

No que se refere à atividade de colheita dos três Centros de Sangue e da Transplantação do instituto, “responsável por 60% da colheita de sangue a nível nacional”, de janeiro a dezembro de 2022 “a situação foi muito semelhante a 2021, com uma diminuição de 0,5% (menos 979 unidades, o que corresponde a cerca de um dia de consumo), mas com um aumento de 0,1% na distribuição de componentes eritrocitários para os hospitais”, acrescentou.

À Lusa, a responsável o IPST insistiu: “apesar dos bons resultados dos últimos anos, precisamos sempre de pessoas jovens e de novas pessoas a darem sangue”.

Os anos de 2021 e 2022 foram bons para a dádiva de sangue, em que invertemos a tendência da diminuição do número de dádivas e do número de dadores. No entanto, esta sazonalidade é muito difícil de contrariar”, reconheceu.

Maria Antónia Escoval sublinha ainda que “todos os dias nos hospitais portugueses são necessárias cerca de 1.100 unidades de sangue e componentes sanguíneos” e reconhece: “O povo português é muito altruísta. Todos os anos nesta altura houve necessidade de pedir aos dadores que fizessem as suas dádivas e nunca falharam”.

Embora a maioria das colheitas nos serviços de sangue hospitalares sejam realizadas em horário laboral, os três Centros de Sangue e da Transplantação do IPST estão disponíveis para receber todos os dadores de segunda a sábado das 8h00 às 19h30.

O IPST realiza ainda todos os dias, de segunda a domingo, uma média de quatro sessões móveis de colheita de sangue.