O lançamento da Virgin Orbit desta segunda-feira, que deveria ter sido a primeira missão espacial lançada a partir do Reino Unido, não foi bem sucedido, uma vez que o foguetão não chegou à órbita da Terra, como previsto.

A informação foi avançada pela própria Virgin Orbit, empresa do grupo Virgin, de Richard Branson, através da rede social Twitter.

“Parece que houve uma anomalia que nos impediu de chegar à órbita. Estamos a avaliar a informação”, lê-se na nota publicada na internet.

Mais tarde, a empresa anunciou que o avião Boeing 747 modificado chamado “Cosmic Girl” “regressou em segurança” ao Aeroporto de Newquay, na Cornualha, no sudoeste do Reino Unido, com a tripulação a bordo.

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O Cosmic Girl, carregando um foguete de 21 metros, descolou às 22h02 de segunda-feira do Spaceport Cornwall, um consórcio que inclui a Virgin Orbit e a Agência Espacial do Reino Unido.

A aeronave voou a 10.600 metros acima do oceano Atlântico, tendo então lançado, por volta das 23h15, o foguete, apelidado de LauncherOne, contendo nove satélites que seriam colocadas em órbita.

Os satélites tinham finalidades variadas, “da observação da Terra à vigilância da pesca ilegal, à construção de satélites e produtos para fabricá-los no espaço”, explicou à televisão BBC, antes do lançamento, a diretora do Spaceport Cornwall, Melissa Thorpe.

Matt Archer, diretor de Voos Comerciais da Agência Espacial do Reino Unido, explicou que a primeira etapa do lançamento foi “bem-sucedida”, tendo ocorrido “como esperado”, mas que a segunda teve “algum tipo de anomalia”.

“Não sabemos o que é e, novamente, haverá uma investigação nos próximos dias para descobrir, mas efetivamente não atingirá a altitude necessária para implantar os satélites”, acrescentou Archer, ao canal ITV News.

O responsável acrescentou que, embora a missão não tenha tido sucesso, “demonstrou” que é possível ao Reino Unido chegar ao espaço, pelo que “novamente tudo está pronto para fazer outro lançamento no futuro”.

A Virgin Orbit tentou atingir um marco ao lançar o primeiro foguete a partir da Europa. Atualmente apenas oito países têm a capacidade de colocar engenhos em órbita a partir do seu próprio território.

“Aderir a este clube tão exclusivo de países de lançamento é tão importante porque nos dá o nosso próprio acesso ao espaço, este acesso soberano ao espaço que nunca tivemos antes no Reino Unido”, sublinhou a diretora do Spaceport Cornwall.

Melissa Thorpe lembrou que a Europa perdeu o acesso ao vaivém espacial russo Soyuz desde a invasão da Ucrânia.

O lançamento da Virgin Orbit criou entusiasmo no Reino Unido, com milhares de pessoas a deslocarem-se para a Cornualha, para presenciar o momento do lançamento.

Centenas de pessoas assistiram ao início da missão, batizada de “Start Me Up” em referência ao hit dos Rolling Stones.

Além do Spaceport na Cornualha, o Reino Unido quer abrir uma base espacial em Sutherland, no norte da Escócia, e outra no arquipélago Shetland, situado entre as Ilhas Faroé e a Noruega.

O governo escocês disse no início de janeiro que o arranque dessas duas bases está previsto “nos próximos meses”.

A Virgin Orbit, uma das empresas do universo Virgin, tem como principal objetivo comercial o desenvolvimento de um serviço de lançamento para satélites a partir do ar. A tecnologia da Virgin Orbit baseia-se no lançamento de pequenos satélites a partir de um avião já no ar.

O magnata britânico Richard Branson, dono da Virgin, é um dos magnatas, a par de Elon Musk e Jeff Bezos, a aventurar-se no negócio espacial.

Notícia atualizada às 6h55 de 10.01 com declarações de Melissa Thorpe