A comissão coordenadora da CDU de Espinho disse esta quarta-feira, a propósito da Operação Vórtex e da detenção do presidente da Câmara dessa autarquia do distrito de Aveiro, que sempre houve “interesses mobiliários” e “caos urbanístico” no concelho.

A coligação, que está representada com um eleito na Assembleia Municipal de Espinho, afirma: “A CDU não pode deixar de lembrar as denúncias repetidas que fez acerca do domínio dos interesses imobiliários sobre as políticas autárquicas praticadas ao longo de décadas pelos executivos PS e PSD, com a dramática expulsão da população jovem e ativa do concelho por falta de habitação a preço acessível”.

A reação da coligação entre o Partido Comunista Português e Os Verdes surge na sequência de uma investigação da Polícia Judiciária por suspeitas de corrupção ativa e passiva, prevaricação, abuso de poderes e tráfico de influências, que resultou na detenção, na terça-feira, do presidente da Câmara de Espinho, o socialista Miguel Reis, de um funcionário da autarquia e de três empresários.

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Em comunicado, na terça-feira, a PJ explicou foram feitas cinco detenções que ocorreram na sequência de cerca de duas dezenas de buscas, domiciliárias e não domiciliárias, que visaram os serviços de uma autarquia local, residências de funcionários desta e diversas empresas sediadas nos concelhos de Espinho (Aveiro) e Porto.

As buscas incluíram a residência do anterior presidente da Câmara e atual vice-presidente da bancada parlamentar do PSD, Joaquim Pinto Moreira.

“A investigação versa sobre projetos imobiliários e respetivo licenciamento, respeitantes a edifícios multifamiliares e unidades hoteleiras, envolvendo interesses urbanísticos de dezenas de milhões de euros, tramitados em benefício de determinados operadores económicos”, explicou a PJ.

Atribuindo responsabilidades aos responsáveis políticos e executivos camarários do PSD e PS pelo “caos urbanístico existente no concelho”, a CDU acredita que “os espinhenses saberão aguardar que a justiça prossiga os seus trâmites quanto à responsabilidade criminal dos visados” e adianta que condenará “quaisquer tentativas de perturbação do inquérito ou de julgamentos em praça pública”.

A Operação Vórtex da PJ contou com a presença de magistrados do Departamento de Investigação e de Ação Penal (DIAP) Regional Porto, investigadores e peritos financeiros da Diretoria do Norte, bem como peritos informáticos de várias estruturas daquela polícia.