O Presidente norte-americano, Joe Biden, recebeu esta sexta-feira o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, na Casa Branca, elogiando a força da aliança entre os dois países e o papel crescente do Japão na salvaguarda da estabilidade na região Ásia-Pacífico.

“Para ser claro: os Estados Unidos estão totalmente comprometidos com a aliança e, mais importante, com a defesa do Japão”, disse Biden na Sala Oval (gabinete presidencial), saudando a “ascensão histórica” do orçamento militar de Tóquio e da nova estratégia de segurança do país.

“É um verdadeiro líder e um verdadeiro amigo”, acrescentou Biden, dirigindo-se a Fumio Kishida.

O primeiro-ministro japonês, por sua vez, apresentou a nova doutrina da defesa nipónica adotada em dezembro, que prevê um aumento massivo em termos orçamentais.

Esse aumento deve “beneficiar as nossas capacidades de dissuasão e resposta”, disse Kishida.

Esta é a primeira visita a Washington do líder japonês, cujo país ocupa este ano a presidência do G7, o grupo dos sete países mais industrializados do mundo.

Kishida completa assim uma intensa digressão pela Europa e pela América do Norte, que o levou a países como França, Itália, Reino Unido, Canadá e Estados Unidos.

Os dois líderes discutiram uma série de questões internacionais, incluindo a guerra na Ucrânia, estreitando as suas relações, bem como questões relacionadas à economia e tecnologia.

A esse respeito, Washington está a pressionar para a imposição de restrições mais fortes às exportações chinesas de semicondutores.

Aposta em defesa espacial, a alocação adicional de fuzileiros norte-americanos em Okinawa (perto de Taiwan) e um acordo militar com Londres são alguns dos planos que o Japão está a exibir diante da China, e que considera como um “desafio estratégico sem precedentes” para a sua segurança.

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Tóquio anunciou em dezembro uma revisão da doutrina de defesa do país, prevendo uma quase duplicação dos gastos militares para 2% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional até 2027.

O Japão também pretende alcançar uma “capacidade de contra-ataque” com a aquisição de mísseis de longo alcance, uma grande mudança para este país cuja Constituição pacifista adotada após a Segunda Guerra Mundial o proíbe de entrar em guerra.

Reunidos em Washington na quarta-feira, os chefes de diplomacia e de defesa norte-americanos e do Japão concordaram em estender explicitamente o tratado de segurança nipo-americano ao domínio espacial e anunciaram o envio até 2025 de uma força de reação rápida do Corpo de Fuzileiros Navais em Okinawa, o território japonês mais próximo de Taiwan e da China continental.

Apoio fortemente as políticas de segurança nacional atualizadas do Japão, incluindo decisões para aumentar os gastos com defesa e adquirir capacidades de contra-ataque. E estou orgulhoso da decisão histórica que anunciamos para atualizar e modernizar a postura da força dos Estados Unidos no Japão, posicionando capacidades mais versáteis, móveis e resilientes”, disse, na quinta-feira, o secretário de Defesa norte-americano, Lloyd J. Austin.

“Continuamos profundamente preocupados com o comportamento coercitivo da China no Estreito de Taiwan e nas águas ao redor do Japão. (…) Quero reafirmar o nosso compromisso inabalável com a defesa do Japão, incluindo a ampla dissuasão dos Estados Unidos proporcionada por toda a gama de capacidades convencionais e nucleares”, acrescentou.

O primeiro-ministro japonês ainda deve assinar hoje um acordo no campo da cooperação espacial com a NASA, a agência federal norte-americana responsável por programas de exploração espacial.