Mais um ano, mais uma polémica Supertaça de Espanha. Desde 2020, altura em que a Real Federação Espanhola de Futebol decidiu reformular o formato da competição e transformá-la numa final four realizada na Arábia Saudita, que a semana da Supertaça é sempre uma semana de muita discussão. Sobre o conceito, sobre o facto de não ser em Espanha, sobre o facto de ser em Riade.

Ainda assim, e até porque o contrato assinado pela Federação com o regime saudita vai até 2029, o King Fahd International Stadium recebia este domingo mais uma final da Supertaça de Espanha — e desde logo um mítico El Clásico, um Real Madrid-Barcelona, onde merengues e catalães iam disputar a conquista do primeiro troféu do ano.

Curiosamente, nas meias-finais, ambas as equipas tiveram de ir até às grandes penalidades pera chegar à ao jogo decisivo: o Real Madrid eliminou o Valencia num encontro em que o ex-Gil Vicente Samuel Lino fez um golo (1-1, 4-3) e o Barcelona afastou o Betis com a ajuda de um penálti desperdiçado por William Carvalho (2-2, 2-4). E depois de conferências de imprensa de antevisão em que o respeito mútuo foi a palavra de ordem, com Carlo Ancelotti e Xavi a sublinharem a “admiração” que sentem um pelo outro, os jogadores merengues decidiram realizar uma viagem até ao passado recente.

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Aproveitando o facto de toda a comitiva estar em Riade e de o português atuar agora na Arábia Saudita, o Real Madrid proporcionou um reencontro com Cristiano Ronaldo — e voltou a sublinhar as boas relações entre clube e avançado, algo que já tinha ficado claro no final de 2022 quando o jogador pediu para treinar sozinho em Valdebebas enquanto ainda não tinha clube. Ronaldo assistiu ao treino dos merengues, que aconteceu nas instalações do Al-Nassr, conversou longamente com Ancelotti e Roberto Carlos e visitou os brasileiros do plantel no balneário, tirando fotografias com Éder Militão, Vinícius e Rodrygo (sendo que este último ficou a tremer ao conhecer o capitão da Seleção Nacional).

Nenhum dos treinadores descurava a competição e isso era notório nos onzes iniciais: Ancelotti lançava Valverde, Benzema e Vinícius no ataque, com Camavinga a ser titular no meio-campo, e Xavi colocava Gavi, Pedri e Dembélé no apoio a Lewandowski, deixando Raphinha, Ansu Fati e Ferran Torres no banco. O Barcelona abriu o marcador à passagem da meia-hora: recuperação de bola em zona adiantada, Lewandowski apareceu à entrada da grande área a abrir em Gavi na esquerda e o jovem médio fugiu a Carvajal para bater Courtois (33′).

À beira do intervalo, os protagonistas mantiveram-se mas trocaram de papéis. Gavi foi lançado na esquerda por De Jong, conduziu em velocidade até à grande área e serviu Lewandowski, que só precisou de encostar em posição central (45′). Carlo Ancelotti mexeu logo no início da segunda parte, trocando Camavinga por Rodrygo, e só esperou mais 20 minutos até tirar Modric para lançar Ceballos. Logo depois, porém, o Barcelona acabou com o jogo.

Numa deliciosa jogada coletiva, Lewandowski avançou pelo corredor central, abriu em Gavi na esquerda e o jovem médio assinou a segunda assistência da partida ao servir Pedri no poste mais distante (69′). Xavi só mexeu no último quarto de hora, lançando Raphinha, Eric García, Kessié e Sergi Roberto, e Benzema ainda reduziu a desvantagem merengue já nos descontos (90+3′).

O Barcelona venceu o Real Madrid de forma clara, cimentou a superioridade que está visível no topo da La Liga e conquistou a Supertaça de Espanha, o primeiro troféu da temporada. Desde 2018, altura em que a competição ainda era disputada numa única partida, que os catalães não ganhavam a Supertaça — tendo agora chegado ao 14.º título da própria história para reforçar o estatuto de recordista absoluto da prova. E muito graças a Gavi, o Golden Boy de apenas 18 anos que fez um golo e duas assistências.