O concelho de Beja tem cerca de 8.000 utentes sem médico de família atribuído, revelou esta segunda-feira o presidente da câmara, Paulo Arsénio (PS), que admitiu a possibilidade de criação de um regulamento municipal para fixar mais clínicos.

Em declarações à agência Lusa, o presidente da Câmara de Beja, Paulo Arsénio, disse que existem no concelho “cerca de 8.000 utentes sem médico de família, nesta altura”, o que corresponde, “grosso modo, a 25% da população”.

“Faltam-nos cinco médicos de família no concelho capital de distrito, o que é naturalmente muito preocupante”, reforçou.

Na opinião do autarca alentejano, a falta de médicos de família tem igualmente repercussões no funcionamento do hospital da cidade.

“Havendo uma boa prevenção de saúde e bons cuidados de saúde a nível primário, são também menos os casos que chegam aos hospitais e às urgências”, onde “começamos a ter uma situação realmente muito complexa e muito preocupante”, afirmou.

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Perante este quadro, o presidente da Câmara de Beja admitiu vir a “avançar” com a criação de um regulamento municipal para atrair e fixar mais médicos para a região, à semelhança do que sucede em municípios vizinhos.

“Temos o hospital, que por si só é também um fator que confere centralidade ao território e traz médicos para Beja, mas é uma possibilidade que não descartamos”, disse.

Ainda assim, concluiu, “a distribuição de médicos ao longo do território nacional é iminentemente uma competência da administração central que tem de ser salvaguardada, em primeiro lugar, pelo poder central”.

As preocupações com a área da Saúde no concelho por parte do presidente da Câmara de Beja constam também de uma carta que o autarca enviou, recentemente, divulgou que, na semana anterior, enviou uma carta ao ministro da Saúde, Manuel Pizarro, e ao diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS), Fernando Araújo.

Na sexta-feira passada, Paulo Arsénio disse à Lusa que, na semana anterior, enviou uma missiva àqueles dois responsáveis defendendo uma “muito particular atenção” ao hospital de Beja, para evitar o encerramento da urgência obstétrica e sala de partos em feriados ou períodos de férias.

A reivindicação do autarca alentejano surgiu após a urgência obstétrica e sala de partos da unidade hospitalar terem encerrado no Natal e no Ano Novo, durante 24 e 48 horas, respetivamente.

Na carta, foi pedida “uma atenção muito particular” para o hospital, para que, por ocasião de férias ou feriados, se procurem soluções “antecipadamente”.

“Ou a transferência de médicos de outros pontos do país para Beja de forma temporária ou até o recurso à contratação de estrangeiros”, para “que estas interrupções de 24 horas ou 48 horas, que têm acontecido com regularidade, não voltem a verificar-se”, sugeriu o autarca, na ocasião.