Foi mais uma quebra quando menos se esperava, foi uma quebra que parece ter servido de emenda. Naquele que viria a ser o último jogo de Cristiano Ronaldo na Premier League antes de rescindir por mútuo acordo e rumar ao Al Nassr, o Manchester United travou uma série que prometia e perdeu em Birmingham frente ao Aston Villa num duelo marcado pela “pega” entre o avançado português e Tyrone Mings. Daí para cá, antes e depois do Campeonato do Mundo, foram só vitórias. Uma, duas, cinco, nove, entre Campeonato e Taça da Liga. E sem dar muito nas vistas, o conjunto de Old Trafford, que acertava calendário esta quarta-feira em Londres com o Crystal Palace, poderia ascender à condição ao segundo lugar a seis pontos do Arsenal.

Nunca se esqueçam do português que ficou: Bruno Fernandes decide polémico dérbi de Manchester com reviravolta

O que mudou na equipa de Erik ten Hag? Na verdade, um pouco de tudo. Mesmo voltando a apostar numa improvável dupla de centrais com Varane e Luke Shaw, o Manchester United tem mantido a segurança no plano defensivo e sofreu apenas cinco golos nessa última série de nove encontros. Em paralelo, Casemiro, já devidamente adaptado ao futebol inglês e à ideia de jogo, é uma grande mais valia para estabilizar todo o conjunto. Na frente, Marcus Rashford soltou-se e vai em sete partidas consecutivas a marcar. Tudo isso fez com que Bruno Fernandes fosse também subindo de rendimento, como se viu no dérbi de sábado com o rival City apesar de toda a polémica em torno do golo que fez o empate antes da reviravolta.

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“Não sabia que ele tinha sido eleito o Homem do Jogo mas foi o meu homem do jogo, sem dúvida. Defendeu, como é normal, mas, em posse, tinha o papel de aparecer entre linhas para termos lá um jogador extra, para criar problemas ao adversário, com hesitação e confusão. O Bruno desempenhou esse papel de forma brilhante, quer na ala direita, quer na esquerda. O resto da equipa adaptou-se bem à situação e penso que tivemos algumas transições muito boas, ao encontrar o homem livre. O Bruno foi um fator importante no desempenhar desse papel e também foi importante ao nível da pressão”, destacou Ten Hag.

“Depois desta última vitória tivemos de nos acalmar, seguir em frente e preparar o próximo encontro. É esse o ritmo certo. Os jogadores têm que entrar bem do ponto de vista físico mas também mental. Se vou utilizar o Weghorst? Ainda tenho de pensar”, acrescentou ainda sobre o confronto com a formação do Crystal Palace que é comandada por uma antiga glória do Arsenal (líder com um dos melhores arranques de sempre na Liga inglesa), Patrick Vieira. Haveria euforia a mais? Talvez. Mas havia também confiança nos processos e capacidade de reagir de forma anímica à adversidade que só esmoreceu em período de descontos.

Na estreia de Weghorst logo como titular, apoiado por Antony pela direita e Rashford pela esquerda, foi Luke Shaw, de regresso à lateral, a deixar o primeiro aviso com um remate em arco que passou muito perto do poste (16′). O Manchester United dominava mas seria o Crystal Palace a ter a oportunidade mais flagrante do primeiro tempo, com Édouard a atirar de fora da área para desvio de David de Gea a fazer a bola bater ainda na trave antes de sair para canto (40′). Não marcaram os visitados, marcaram os visitantes e pelo suspeito do costume: grande combinação entre Rashford e Eriksen com assistência do dinamarquês para o remate na passada de Bruno Fernandes, a fazer o 55.º golo (mais 45 assistências) em 153 jogos.

O segundo tempo manteve a toada do primeiro mas com muito mais posse e domínio do Crystal Palace, a conseguir empurrar o Manchester United para o seu meio-campo na tentativa de evitar a quarta derrota seguida entre um cartão amarelo a Casemiro que vai tirar o brasileiro do clássico de domingo frente ao Arsenal no Emirates. No entanto, e entre as dificuldades, os red devils iam aguentando a vantagem mínima até ao período de descontos, altura em que um fantástico livre direto de Michael Olise a bater ainda na barra antes de entrar travou a série de triunfos consecutivos dos visitantes e impediu a ascensão isolada ao segundo lugar da Premier League, ficando com os mesmos 39 pontos do rival City (90+1′).