O Presidente chinês, Xi Jinping, admitiu na quarta-feira que está preocupado com a vaga de casos de Covid-19 que deve atingir o vasto interior da China durante o Ano Novo Lunar.

No primeiro comentário público sobre a onda de infeções registada no país, depois de Pequim ter desmantelado a estratégia de “zero casos”, o secretário-geral do Partido Comunista Chinês admitiu estar “mais preocupado com as áreas rurais e os camponeses”. “As instalações médicas são relativamente vulneráveis nas áreas rurais, e isto significa que é mais difícil prevenir [o impacto da doença] e que o desafio é mais árduo”, descreveu.

As afirmações de Xi foram feitas durante a mensagem do Ano Novo Lunar, dirigida aos habitantes e funcionários do Partido Comunista em Mianyang, uma cidade na província de Sichuan. Xi, que falou a partir do Grande Palácio do Povo, em Pequim, exortou-os a fazer tudo o possível para conter a propagação do vírus.

O líder chinês defendeu, no entanto, que o país “fez a escolha certa” ao impor medidas rígidas de prevenção epidémica nos últimos três anos. A China reduziu a proporção de casos graves e a taxa de mortalidade ao “máximo possível”, adquirindo “tempo precioso” para otimizar a sua resposta, afirmou.

Centenas de milhões de trabalhadores chineses migrados nas cidades estão a regressar à terra natal, para celebrar a principal festa das famílias chinesas, que calha este ano entre os dias 21 e 28 de janeiro. Trata-se da maior migração interna do planeta e coincide, este ano, com o fim da política de “zero casos” de Covid-19, que durante quase três anos restringiu o fluxo interno de pessoas no país.

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Admitindo que a atual onda de infeções que varre o país é “feroz e grave”, Xi Jinping pediu aos profissionais de saúde na linha da frente que aumentem as medidas de autoproteção. “Devemos fortalecer a proteção e os cuidados às nossas equipas médicas para garantir a sua saúde”, disse.

O fim das restrições, após protestos ocorridos em várias cidades da China, lançou uma vaga de infeções sem precedentes nas zonas urbanas, que deve agora alastrar-se ao interior do país, onde os recursos de saúde são considerados insuficientes. Apesar da vaga de casos sem precedentes e da crise de saúde pública que atingiu o país, Xi insistiu que “a luz ao fundo do túnel está mesmo à frente” e que a “persistência é vitória”.

Na videochamada participou também a vice-primeira-ministra Sun Chunlan e o membro do Politburo do Partido Comunista Chinês Liu Guozhong, que deve assumir o cargo de principal autoridade da China para as políticas da Covid-19, depois de Sun se aposentar oficialmente em março.

De acordo com dados oficiais divulgados no domingo passado, a China registou quase 60 mil mortes nos hospitais ligadas à pandemia da Covid-19 desde o levantamento das medidas de prevenção no início de dezembro.

Hong Kong cancela quarentenas para infetados com Covid-19 a partir de 30 de janeiro

O Governo de Hong Kong anunciou esta quinta-feira que, a partir de 30 de janeiro, os infetados com Covid-19 não são mais obrigados a cumprir quarentena, pondo fim a uma medida em vigor há quase três anos. Atualmente, quem tem a doença é obrigado a estar isolado cinco dias em casa ou instalações designadas pelo Executivo.

“O Governo adotará um sistema de gestão que permite aos cidadãos tomar a decisão e assumir as suas próprias responsabilidades”, disse aos deputados do território o chefe do Executivo de Hong Kong, John Lee, citado pelo jornal de Hong Kong South China Morning Post.

O líder da região administrativa chinesa destacou que a decisão “baseia-se na ciência e na avaliação de riscos”, acrescentando ainda que esta “é uma fase necessária para todos os países a caminho da normalidade”. Lee citou a “alta taxa de vacinação” em Hong Kong como um dos fatores responsáveis pela decisão e observou que a situação epidémica na cidade “não piorou” desde a reabertura, este mês, da fronteira terrestre com a China continental.

Hong Kong anunciou, em dezembro, o fim da quarentena de três dias para quem chegasse do estrangeiro, três meses depois das quarentenas em hotel deixarem de ser obrigatórias. A observação médica numa unidade hoteleira chegou a ser de 21 dias. Atualmente, continua em vigor a obrigatoriedade do uso de máscara em todos os locais públicos.

Hong Kong, que aplicou rigorosas restrições contra a Covid-19 – embora mais relaxadas que o interior da China e Macau – registou até ao momento 2,84 milhões de casos e 12.965 mortes, de acordo com dados da Universidade Johns Hopkins.