O FC Porto anunciou esta sexta-feira que irá apurar factos e possíveis autores dos mesmos na sequência das denúncias feitas por Carlos Nicolía na véspera pelo que se passou no clássico de hóquei em patins no Dragão Arena a meio da semana, com o argentino a acusar os adeptos azuis e brancos de insultos com associações à morte da mulher pouco antes de chegar a Portugal para reforçar o Benfica em 2014.

“Há nove anos que gritam ‘mataste a tua mulher’. Tudo tem um limite”: a revolta de Nicolía após novo clássico no Dragão

“A Direção do FC Porto, tendo tomado conhecimento de uma denúncia de Carlos Nicolía, atleta de hóquei em patins do Benfica, sobre insultos que terá sofrido durante o jogo da última quarta-feira no Dragão Arena, decidiu: instaurar um inquérito para apuramento dos factos e da identidade dos presumíveis autores; repudiar todas as agressões verbais que, infelizmente, acontecem nos variados palcos desportivos de todo o país; e manifestar o seu empenho na irradicação destes fenómenos do desporto português em particular e da sociedade em geral”, anunciaram os portistas em comunicado oficial.

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De acrescentar que, também na sequência das acusações de Carlos Nicolía, a Autoridade para a Prevenção e Combate à Violência no Desporto (APCVD) avançou com a abertura de um inquérito que poderá levar a uma sanção ao FC Porto “se ficar provado que tem responsabilidade, seja por promoção daquelas atitudes ou por não ter feito nada para as impedir”. Também o Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Patinagem (FPP) está a acompanhar a situação para perceber se existe matéria para um processo que, no limite, poderia levar à interdição do Dragão Arena ou realização de encontros à porta fechada.

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“Calei-me durante nove anos e hoje digo basta! Talvez muitos não saibam a minha história. Cheguei em 2014 ao Benfica com o meu filho de três anos e com a sua mãe falecida há pouco. Tive a sorte de encontrar uma grande família benfiquista que me acompanhou sempre, mas há nove anos que cada vez que vou ao Dragão Caixa os adeptos atrás do banco de suplentes (não a claque) gritam ‘assassino, mataste a tua mulher’ e muitas coisas que tenho vergonha de dizer”, apontou na véspera o jogador argentino nas suas redes sociais.

“O meu filho já tem 11 anos e entende tudo. É uma pena que num evento desportivo se faça isto, usando a morte de uma pessoa, que lutou muito contra a doença, rindo-se da morte em si. Uma vergonha. Nove anos a ouvir estas coisas em cada jogo mas hoje digo basta. Travo uma luta sozinho, contra a discriminação que sinto da parte dos regulamentos das federações de hóquei e que não sei se algum dia a virei a ganhar mas esta outra luta termina hoje. Não por mim mas sim pelo meu filho… Não quero que ouça nunca que há pessoas que usam a morte da mãe por uma rivalidade ou por se acharem engraçados. Tudo tem um limite… Respeito”, acrescentou ainda Carlos Nicolía na mesma publicação.