O primeiro-ministro de Cabo Verde defendeu nesta segunda-feira a operacionalização “urgente” dos mecanismos e os instrumentos de financiamento assumidos para apoiar as ações de mitigação e de adaptação face às mudanças climáticas, que afetam particularmente as ilhas.

Ulisses Correia e Silva falava na abertura da Cimeira dos Oceanos (Ocean Race Summit), que decorre na cidade cabo-verdiana do Mindelo com a presença, entre outros, do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres.

Cidade cabo-verdiana do Mindelo recebe nesta segunda-feira Cimeira dos Oceanos com Guterres e Costa

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Para o chefe do Governo cabo-verdiano, “a estratégia de adaptação e mitigação face às alterações climáticas para responder às situações de emergência e aumentar a resiliência necessita de financiamento com dimensão e consistência no tempo para produzir transformações estruturais, financiamento que inclui reforço de capacidades e de transferência de tecnologias”.

Contudo, destacou que o “financiamento e tempo de decisão são variáveis críticas”, porque os “países em desenvolvimento estão colocados contra a parede, face a crises graves, com impactos económicos, sociais e humanitários, como tem sido a pandemia de Covid-19, as emergências climáticas e ambientais e, mais recentemente, a guerra na Ucrânia”.

E acrescentou: “A dinâmica do crescimento económico reduziu, a dívida pública disparou e a pobreza aumentou em vários países africanos, derivada da situação das crises”.

“É neste contexto que é urgente operacionalizar os mecanismos e os instrumentos de financiamento assumidos para apoiar as ações de mitigação e de adaptação face às mudanças climáticas”.

Ulisses Correia e Silva defendeu ainda a criação de condições para o setor privado “investir em setores impactantes no aumento da resiliência e diversificação da economia“.

O governante deixou uma palavra de encorajamento a António Guterres sobre quem disse ter a seu cargo tarefas para um super-homem no sentido deste seguir “com determinação na construção do Índice Multidimensional de Vulnerabilidade para que seja votado como critério relevante no acesso ao financiamento a favor do desenvolvimento sustentável dos SIDS” (sigla inglesa para Small Island Developing States, que significa pequeno estado insular em desenvolvimento).

Estas crises afetam seriamente todos os países e de uma forma particular as ilhas. A crie climática e ambiental é global, resolvê-la é uma responsabilidade de cada um dos países e, ao mesmo tempo, de todos os países do mundo”, prosseguiu.

Para Ulisses Correia e Silva, “é uma responsabilidade maior para os países com maior quota de produção de poluição e de efeitos nocivos às mudanças climáticas no mundo”.

“É neste sentido que Cabo Verde manifesta a sua total adesão ao apelo do secretário-geral das Nações Unidade à ação para salvar os oceanos e proteger o futuro do planeta terra”, disse.

Cabo Verde tem, segundo o seu primeiro-ministro, “justificadas expectativas na coligação de pequenos estados insulares em desenvolvimento pela natureza, criada para criar meios para os objetivos ambiciosos ao nível da biodiversidade”.

“Gostaríamos que os temas e os compromissos que a coligação pela natureza propõe fossem consideradas na Cimeira do Futuro, a ter lugar em setembro de 2023, e na próxima Conferência dos Oceanos das Nações Unidas, em 2025.

A Ocean Race Summit insere-se na primeira passagem por Cabo Verde da Ocean Race, a maior e mais antiga regata do mundo e reúne esta manhã no Mindelo, ilha de São Vicente, políticos, governantes, especialistas e outras personalidades para abordar o futuro dos oceanos.