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A administração Biden pediu, Israel rejeitou. Washington solicitou às autoridades israelitas que enviassem para a Ucrânia os mísseis antiaéreos Hawk que têm em stock, mas foram recebidos com um “não”.

O contacto foi feito há cerca de duas semanas. O Pentágono dirigiu-se ao Ministério da Defesa israelita para pedir que cedessem os sistemas Hawk a Kiev, revelaram ao Axios três oficiais israelitas e norte-americanos.

Segundo um alto funcionário israelita, o Ministério da Defesa disse ao Pentágono que o país mantém a decisão de não providenciar sistemas de armas à Ucrânia. Quanto aos sistemas Hawk, descreveram o equipamento como “obsoleto”, devido ao longo período em armazenamento e sem manutenção.

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Outros representantes do país indicaram, porém, que essa informação não é precisa, uma vez que apenas os lançadores estão disfuncionais. Os mísseis antiaéreos, por outro lado, poderão podem ser remodelados.

Contactado pelo Axios, o ministério israelita sublinhou que a posição do país sobre o fornecimento de armas à Ucrânia se mantém inalterada. No entanto, “os pedidos são analisados caso a caso”, acrescentou.

Os mísseis antiaéreos Hawk norte-americanos foram originalmente lançados na década de 1960. Outrora uma peça chave nos arsenais de Washington, foram substituídos pelos mais modernos sistemas de defesa antiaérea Patriot a partir de 1994.

Apesar de serem um modelo antigo, de acordo com a Forbes, versões mais recentes continuam ao serviço de alguns países. Estes modelos foram inclusivamente enviados para a Ucrânia por países como os Estados Unidos e a Espanha.

Israel adquiriu os sistemas Hawk norte-americanos logo na década de 1960 para se defender dos ataques aéreos egípcios e sírios. Com o passar dos anos o país foi-se voltando para alternativas mais sofisticadas – como os Patriot ou o Iron Dome – e há cerca de uma década retirou os sistemas de serviço, refere ainda o Axios. Alguns modelos continuam em stock, sendo que o país possui pelo menos 10 baterias Hawk e centenas de intercetadores.

Israel condenou a invasão russa da Ucrânia, mas até agora rejeitou os pedidos de Washington e Kiev para enviar sistemas de defesa, receando criar tensões com a Rússia e consequentemente perturbar os seus interesses na Síria.

Segundo um oficial norte-americano, Israel não foi o único país a quem os EUA pediram o envio dos Hawk, mas não foram divulgados mais nomes.

Ainda este mês uma investigação do New York Times revelou que os EUA recorreram aos stocks de armas que possuem em Israel para fornecer armas à Ucrânia, uma notícia que as autoridades norte-americanas não confirmaram para já. As autoridades israelitas terão oferecido resistência, mas acabaram por aceitar um acordo, com o compromisso de que o material seria reposto.

Nestes casos a situação é diferente, uma vez que Washington não depende da autorização para utilizar os seus arsenais. “São propriedade norte-americana”, explicou à Reuters David Ivry, ex-diretor do Ministério da Defesa israelita.

Estados Unidos recorrem aos stocks de armas em Israel e na Coreia do Sul para armar Ucrânia

Por agora, Israel compromete-se apenas com assistência humanitária à Ucrânia, mas resta saber se irão eventualmente ceder aos pedidos dos EUA.