O Sindicato dos Enfermeiros (SE) anunciou esta quarta-feira que recebeu mais de 600 queixas sobre “irregularidades” na aplicação do recente diploma que descongelou a progressão salarial e exigiu ao Governo uma “urgente intervenção” para uniformizar os critérios.

Nos últimos dois meses, “o SE recebeu na sua plataforma de denúncias de irregularidades cerca de 600 queixas, algumas referentes a casos incompreensíveis”, adiantou o sindicato em comunicado, ao apelar ao Ministério da Saúde para que retome as negociações.

Em causa está o decreto-lei aprovado em Conselho de Ministros em novembro de 2022, após várias reuniões com os sindicatos, referente à contagem de pontos na avaliação do desempenho e que descongelou a progressão salarial dos enfermeiros do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Nas contas do ministério, este decreto-lei abrangeu cerca de 20 mil enfermeiros que subiram uma ou duas posições remuneratórias, com o pagamento de retroativos a janeiro de 2022, num esforço orçamental de 72 milhões de euros no ano passado, que aumentará para cerca de 80 milhões nos anos seguintes.

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“Há um sentimento de revolta muito grande entre os enfermeiros, que veem esfumar-se a oportunidade de recuperarem algum do seu tempo de serviço, com repercussões na folha de vencimento, por causa de aplicações dúbias ou mesmo erradas do decreto-lei“, salientou o presidente do SE, citado no comunicado.

Perante as “irregularidades” comunicadas por enfermeiros ao sindicato, Pedro Costa apelou ao Ministério da Saúde para que “faça aplicar a lei de forma uniforme, em todas as unidades do SNS”.

“Temos enfermeiros que iniciam funções no mesmo dia, mas em instituições diferentes, e a um foi feita a contagem do ano por inteiro e ao outro não se contou esse ano, por o dia em causa ser no segundo semestre do ano”, exemplificou o dirigente sindical.

Segundo o SE, verificaram-se ainda casos de enfermeiros que, “sem qualquer justificação aparente, não viram contabilizados os pontos entre 2008 e 2013”, porque tinham contrato com uma administração regional de saúde e passaram, de seguida, e sem qualquer dia de interrupção de contrato, para uma unidade local de saúde.

É urgente a intervenção do Ministério da Saúde para que seja definida, de vez, uma uniformização dos critérios que regem a aplicação do decreto-lei”, preconizou o sindicato, ao salientar que ficou acordada a retoma das negociações “num curto espaço de tempo”.

No entanto, Pedro Costa alertou que “será muito difícil avançar na mesa de negociações sem concretizar a correta aplicação da contagem de pontos” para efeitos de avaliação de desempenho.

De acordo com o Governo, o decreto-lei prevê um aumento de cerca de 200 euros para os enfermeiros com pontos necessários para subir uma posição remuneratória e 400 euros para aqueles que sobem duas posições, aplicando-se aos enfermeiros com contratos de trabalho em funções públicas e aos que têm um contrato individual de trabalho.