O secretário-geral do PSD, Hugo Soares, rejeitou esta sexta-feira as críticas do antigo vice-presidente social-democrata David Justino de que o PSD não tem sido eficaz na oposição por não apresentar propostas, salientando que, pelo contrário o partido “tem estado na linha da frente da apresentação de propostas”.

“Faz uma análise da situação, que eu respeito, mas creio que os portugueses sabem que o PSD tem sido uma oposição muito firme naquilo que diz respeito à denúncia dos erros e das omissões do Governo“, disse Hugo Soares, no programa Direto ao Assunto, da Rádio Observador. “Mas tem sido também um partido charneira naquilo que diz respeito às respostas concretas da vida das pessoas.”

Hugo Soares responde a David Justino: “PSD está na linha da frente”

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“Lembro-me de que foi o PSD o primeiro a apresentar um programa de emergência social, depois de ter alertado o Governo para essa necessidade a propósito do aumento do custo de vida”, exemplificou. “O PSD apresentou um projeto de revisão constitucional que é altamente diferenciador e absolutamente distintivo daquilo que é habitual, com ideias concretas também para o funcionamento da nossa sociedade e que mudam a vida das pessoas, no que diz respeito ao acesso à habitação, no que diz respeito à educação, no que diz respeito ao acesso à saúde, mas também no que diz respeito à garantia de independência do Tribunal de Contas, do Procurador-Geral da República.”

“O PSD tem estado na linha da frente da apresentação de propostas”, destacou.

Em entrevista ao Observador publicada esta sexta-feira, o antigo vice-presidente do PSD David Justino, do tempo de Rui Rio, criticou a nova liderança social-democrata. “O papel da oposição deve ser apresentar propostas que respondam aos problemas. Isso obriga o Governo a encontra respostas pretensamente melhores”, afirmou.

David Justino: “Papel da oposição deve ser apresentar propostas. Isso não tem existido”

Questionado sobre se isso não tem existido, garantiu: “Não. Se apostamos numa oposição de chamar o ministro A e B, mais uma comissão de inquérito a isto e àquilo, nunca mais saímos daqui. Isso deve ser feito, mas se não for acompanhado de ideias e soluções não serve de nada. Só estamos a afundar o próprio sistema político. No caso dos professores, por exemplo, tirando a posição do Governo e a dos sindicatos, não vejo absolutamente nada dos outros partidos.”

Mas, para Hugo Soares, não é verdade que o partido não esteja a apresentar soluções: “Lembro, por exemplo, as mais de 200 propostas que apresentámos em sede de debate do Orçamento do Estado.”

“Na semana passada, marcámos a semana com uma proposta que eu creio absolutamente necessária para a competitividade da nossa economia. Nós sabemos que estamos hoje com um problema grande de falta de mão de obra nas nossas empresas, de mão de obra qualificada e não qualificada. E foi por isso que o PSD, face àquilo que é um inverno demográfico que se avizinha — estão a nascer cada vez menos crianças no nosso país —, que solicitou em sede de Assembleia da República, num projeto lei, que o país tivesse uma agência para a captação, para a atração e para a integração de imigrantes que pudessem ajudar a colmatar estas lacunas na nossa economia”, acrescentou ainda.

Questionado sobre se casos como os de Joaquim Morão (PS) ou Joaquim Pinto Moreira (PSD) potenciam uma falta de confiança dos portugueses nos dois principais partidos, Hugo Soares diz que, pelo contrário: “Devem ser até casos de respeito pelas instituições. Quando as instituições funcionam, é quando há este sinais de que o Ministério Público cumpre a sua obrigação de investigação. Isto não quer dizer que as pessoas, desde logo, sejam culpadas.”

Sublinhando a importância de preservar o “princípio da presunção de inocência”, Hugo Soares destacou que “não deixa de ser verdade que cada vez que há suspeitas sobre os agentes políticos se mina a credibilidade da política e dos políticos“.

Ainda assim, o secretário-geral do PSD sustentou que em Portugal “os dois partidos moderados e o espectro político-partidário continuam a representar mais de 65% da intenção de votos dos portugueses” — e isso é “salutar”, considerou.