“É incrível. Toda a minha mudança, tudo o que fiz para chegar até aqui e no final estas medalhas. Concluo que correspondi às minhas expectativas. Sempre tive uma voz no coração que podia mais, que conseguiria mais, que podia ter êxito entre as melhores do mundo. Para a semana faz um ano de Paris [e da mudança de categoria para os -63kg], o que era uma aposta, concretizo isso como uma certeza. A única parte individual é quando entro no tapete e aqui emociono-me porque fora disso é toda uma equipa por trás”, confidenciava Bárbara Timo em outubro, após conquistar a segunda medalha em Mundiais com um bronze na estreia em -63kg depois de já ter conseguido a prata em 2019 mas então ainda na categoria de -70kg.

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Por várias razões, 2022 foi o ano mais longo para a judoca de 31 anos. “Cirurgia, duas medalhas em Grand Slams, Taça da Europa, bronze da Liga dos Campeões, anemia severa, acidente de carro (quase morte), rotura no ombro, rotura no quadril, palestras, Ahhh… mais uma medalha no Mundial e mais um curso concluído. Como é que isso foi possível?”, escrevia nas suas redes sociais no final da temporada, em dezembro, sendo que pelo meio foi uma das envolvidas no litígio de vários judocas olímpicos com o antigo presidente da Federação Portuguesa de Judo, Jorge Fernandes. As lutas foram muitas, as vitórias também. E era com essa motivação que entrava na nova época que marca o ano chave para a qualificação olímpica.

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Na antecâmara do Grand Slam de Paris, um dos certames internacionais de maior projeção e onde ganhou já uma medalha de ouro (2021) e uma de bronze (2019), Bárbara Timo fazia a estreia na primeira prova do Circuito Mundial em Almada, depois de um primeiro dia de Grande Prémio de Portugal que terminou sem qualquer medalha para os judocas nacionais (Catarina Costa, que ganhara em 2022, ficou em quinto, Joana Diogo, bronze no ano passado, caiu nas rondas iniciais). E não falhou, pelo contrário: com uma série de quatro vitórias consecutivas este sábado, a judoca de 31 anos nascida no Rio de Janeiro estava na final.

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Atual 16.ª classificada do ranking mundial na categoria de -63kg (subida de três posições em relação à última atualização), Bárbara Timo ficou isenta da primeira ronda e derrotou de seguida a judoca angolana Diassomena Mucungui (100.ª) em apenas 44 segundos, seguindo-se os triunfos contra a sérvia Anja Obradovic (33.ª) e a croata Iva Oberan (22.ª). Nas meias-finais, tendo pela frente a espanhola Cristina Cabana Pérez (24.ª), a judoca do Benfica não conseguiu pontuar mas forçou a adversária a chegar até ao terceiro castigo a poucos segundos do final dos quatro minutos de combate. No combate decisivo, já depois da pausa, Timo defrontou a surpreendente brasileira Gabriella Moraes (105.ª que bateu a terceira melhor do mundo, Anriquelis Barrios), somando novo triunfo e 750 pontos para a qualificação olímpica. De recordar que, desde que passou a competir por Portugal em 2019, esta é a sétima medalha em provas internacionais.

Na mesma categoria de -63kg, Wilsa Gomes, que também ficou isenta da ronda inicial tal como Bárbara Timo, ganhou à sérvia Tea Tintor mas foi eliminada de seguida pela espanhola Sarai Padilla Guerrero.

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Já em -81kg, outra das categorias mais aguardadas pelos portugueses, Anri Egutidze começou com uma vitória frente ao egípcio Tamar Almali mas perdeu com o israelita Sagi Muki, ao passo que João Fernando somou dois triunfos com o sul-coreano Moon Jin Lin e o espanhol Alfonso Urquiza Solana mas falhou a luta pelas medalhas com a derrota frente ao moldavo Mihail Latisev. Também este sábado, em -73kg, João Crisóstomo ganhou ao italiano Edoardo Mella mas perdeu de seguida com o belga Jeoren Casse, enquanto Saba Daniela venceu o húngaro Daniel Szegedi, caindo de seguida com o cazaque Angsarbek Gainullin. Por fim, em -70kg, Joana Crisóstomo ganhou à espanhola Sara Rodríguez mas foi afastada pela húngara Szabina Gercsak. Otari Kvantidze, Lucas Bernardo (-73kg), Manuel Rodrigues, Diogo Rangel (-81kg) e Tais Pina (-70kg) também estiveram em ação esta manhã mas perderam nos combates iniciais.