A França somou por vitórias os dez encontros realizados ao longo da competição, a Dinamarca teve entre os nove triunfos um empate com a Croácia a abrir a main round, foram as únicas equipas entre 32 que nunca perderam qualquer jogo ao longo do Campeonato do Mundo realizado entre Suécia e Polónia. De forma natural, e depois da conquista do terceiro lugar pela Espanha frente aos suecos (igualando assim o registo de 2021), os dois melhores conjuntos europeus e mundiais da atualidade encontravam-se para uma espécie de tira teimas entre a bicampeã em título e o conjunto com mais troféus na competição. Qualidade e emoção garantidas, algumas contas por ajustar entre equipas que jogaram pela sétima vez em dois anos.

Com três jogos de preparação à mistura, cada conjunto queria “vingar” um insucesso recente num dos duelos com mais história no andebol mundial. No lado da Dinamarca, depois da medalha de ouro no Rio de Janeiro em 2016, havia essa final perdida em Tóquio-2020 frente aos franceses (25-23); da parte da França, a seguir a uma participação dececionante em 2020, havia esse encontro para atribuição do terceiro lugar no Europeu de 2022 que acabou com triunfo dos dinamarqueses após prolongamento (35-32). Agora, na quinta final de uma grande competição entre ambos depois da final do Mundial de 2011 (França, 37-35 a.p.), do Europeu de 2014 (França, 41-32), dos Jogos Olímpicos de 2016 (Dinamarca, 28-26) e dos Jogos Olímpicos de 2020 (França, 25-23), a Dinamarca equilibrou as contas e fez história com o tricampeonato.

O encontro começou com a Dinamarca a ganhar rapidamente uma vantagem de três e depois quatro golos com menos de sete minutos jogados, com Niklas Landin a fechar a baliza e os primeiros ataque da equipa escandinava com 100% de eficácia tendo Mathias Gidsel em destaque (6-2). Aos poucos os franceses foram conseguindo equilibrar a partida mas sem nunca voltar a encostar na totalidade no marcador, até pela forma como a Dinamarca conseguiu contrariar as saídas rápidas que são uma das armas mais fortes dos gauleses. Contudo, e na parte final, um menor rendimento ofensivo da Dinamarca empurrou a França para a melhor fase do primeiro tempo, que chegou ao fim com uma vantagem de 16-15 anulada logo a abrir.

Apesar da má entrada, a França voltava a discutir de igual para igual a partida naquela que era a oitava final do Mundial em 30 anos com seis vitórias e apenas uma derrota. No entanto, e à semelhança do que tinha acontecido antes, bastou um desequilíbrio de poucos minutos para a Dinamarca ganhar vantagem, chegar aos três golos de avanço e voltar à zona de conforto que lhe permitiu gerir a partida até ao 34-29 final em Estocolmo. Rasmus Lauge, com dez golos, e Simon Pytlick, com nove, foram os melhores marcadores do encontro, ao passo que do lado francês destacaram-se Nedim Remili (seis) e Dika Mem (cinco).

Ainda assim, e entre vários pontos determinantes para o triunfo como a entrada de Kevin Moller para a baliza no segundo tempo, o destaque de mais uma conquista recai também em Nikolaj Jacobsen, técnico de 51 anos que foi o grande obreiro do histórico tricampeonato mundial da Dinamarca. Antigo lateral esquerdo com carreira entre as ligas dinamarquesa e alemã, conhecido por não ter propriamente o melhor feitio em campo, o ex-jogador que se destacou como treinador nos germânicos do Rhein-Neckar Löwen (chegou a acumular o clube com a seleção) conseguiu reunir aquela que se tornou a geração de ouro do andebol do país para ganhar três Mundiais, uma medalha de prata nos Jogos Olímpicos e uma de bronze no Europeu em menos de cinco anos já depois de se ter sagrado bicampeão nacional na Alemanha.

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