Dados avançados por Felipe Munoz, especialista da JATO Dynamics, permitem traçar um quadro de como foi 2022 para a comercialização de veículos novos por esse mundo fora. Num contexto de crise no fornecimento de semicondutores, falta de cablagens, encerramentos temporários e localizados para conter a Covid-19 e a incerteza decorrente da invasão russa da Ucrânia, só dois países escaparam à quebra de vendas de novas viaturas, considerando os 10 maiores mercados mundiais. Foram eles a China, que apesar dos lockdowns registou uma subida de 2%, para um total de aproximadamente 26,9 milhões de unidades, e a Índia, que cresceu nada menos do que 24%, fechando o ano com cerca de 4,4 novas viaturas na estrada.

Se a posição de liderança da China não surpreende, o mesmo não acontece com a fulgurante subida da Índia, a mais expressiva. Com os restantes oito países a acusarem o recuo na comercialização de novas viaturas, a dinâmica do mercado indiano não só impressiona como permite colocar a bandeira da sexta maior economia mundial no terceiro degrau do pódio, logo depois dos Estados Unidos da América (EUA). A ascensão indiana explica-se, em parte, por via de uma oferta com mais novidades e mais atractiva, segundo Felipe Munoz. Contudo, resulta igualmente do “demérito” japonês. Muito apoiado nas marcas de automóveis locais, o Japão viu as vendas de carros novos baixarem 5%, comparando com 2021, e a menor emissão de matrículas (cerca de 4,2 milhões) atirou-o para o 4.º lugar da tabela. De notar ainda os enormes hiatos entre os três primeiros mercados, com a China a vender quase o dobro dos EUA e estes a transaccionarem o triplo da Índia.

Logo depois do Japão, surge a Alemanha com cerca de 2,9 milhões de novos veículos comercializados em 2022 e uma variação de 0% face a 2021. O maior mercado automóvel europeu não registou flutuações, mas outros dois “grandes” perderam vendas. Em França, o tombo foi de 10%, enquanto o Reino Unido retraiu 5%, com as descidas a serem consequência da crise energética e da queda do poder de compra devido à inflação. Daí que, considerando apenas o top 10 do Velho Continente, à excepção da Alemanha, as vendas de automóveis novos em 2022 caíram em todos os países, com retracções entre os 4 e os 10%.

Quem fica muito pior neste “retrato” é a Rússia, por razões óbvias. O país liderado por Vladimir Putin sofre com os embargos e com a saída da maior parte dos construtores da Rússia, o que deixou as fábricas sob o controlo estatal, mas paradas. A oferta é escassa, mas as expectativas quanto ao desfecho da guerra tão pouco tranquiliza os russos, que preferem poupar a gastar dinheiro num carro novo. Como tal, em 2022, o mercado automóvel russo caiu nada menos que 59%, ficando limitado a 677 mil unidades. Veja na fotogaleria acima os rankings mundial e europeu.

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