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Passaram-se 341 dias desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, a 24 de fevereiro de 2022, há quase um ano. A análise ao que se passa no terreno, feita pelo Instituto para o Estudo da Guerra, aponta que os atrasos no envio de sistemas de armas de ponta para a Ucrânia tem tido impacto na capacidade do país para aproveitar as janelas de oportunidade durante esta guerra. Porém, frisa que essa ajuda militar “tem sido essencial para a sobrevivência da Ucrânia”.

O dia também ficou marcado pela declarações de vários líderes sobre o envio dos caças que a Ucrânia tem pedido. O Presidente norte-americano afastou essa hipótese com um simples “não”. Já o Presidente francês e o primeiro-ministro dos Países Baixos não excluem a possibilidade. Por seu turno, a Polónia terá sugerido estar disposta a fornecer os caças F-16, adiantou Andriy Yermak, chefe do gabinete da Presidência ucraniana.

Aqui fica um resumo das notícias que marcam esta segunda-feira.

O que aconteceu durante a noite?

  • O Comité Internacional Olímpico (COI) rejeitou as críticas “difamatórias” de vários oficiais ucranianos, que acusaram o organismo de promover a guerra ao apoiar a participação de atletas russos e bielorrussos em competições internacionais.
  • Um casal russo da cidade de Krasnodar foi detido no domingo por se assumir contra a guerra durante uma conversa num restaurante. O caso foi divulgado esta segunda-feira pela organização de direitos humanos russa OVD-Info.
  • O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, visitou esta segunda-feira a cidade de Mykolaiv (sul) acompanhado pela primeira-ministra da Dinamarca, Mette Frederiksen, que foi à Ucrânia garantir o apoio de Copenhaga na reconstrução do país.
  • O Irão convocou o diplomata ucraniano em Teerão após Mykhailo Podoliak, assessor da Presidência da Ucrânia, ter feito comentários sobre um ataque com drones a um complexo militar iraniano em Isfahan (centro).
  • A Crimeia, península ucraniana anexada pela Rússia em 2014, “nunca mais” será parte do território ucraniano, afirmou o Presidente da Croácia, Zoran Milanovic. Em declarações aos jornalistas, o líder croata disse ser contra o envio de armas letais para a Ucrânia, algo que só irá “prolongar a guerra”.

O que aconteceu durante a tarde?

  • Os 14 tanques Challenger-2 prometidos pelo Reino Unido deverão chegar à Ucrânia antes do verão, avançou o secretário de Defesa britânico, Ben Wallace. “Será antes do verão, em maio [talvez]. Será provavelmente na época da Páscoa”, indicou.
  • As forças russas afirmam ter feito os ganhos mais significativos dos últimos meses no leste do território ucraniano. O líder separatista de Donetsk, Denis Pushilin, reclamou o controlo de Vougledar, uma pequena comunidade mineira cujas ruínas têm sido um bastião ucraniano desde o início da invasão. A Ucrânia já negou as alegações, afirmando que as suas unidades continuam a avançar na região.
  • A França e a Austrália anunciaram um acordo para cooperar no fabrico de cartuchos para a Ucrânia. A informação foi confirmada pelo ministro da Defesa francês, Sebastien Lecornu, depois de uma reunião com o seu homólogo australiano, Richard Marles.
  • A nova embaixadora dos EUA na Rússia, Lynne Tracy, foi recebida no Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, em Moscovo — onde esteve para apresentar as suas credenciais diplomáticas —, com protestos de cidadãos russos.

  • A Ucrânia pediu um submarino à Alemanha e o Kremlin não gostou. “A Ucrânia exige cada vez mais armas”, disse o porta-voz Dmitri Peskov, respondendo aos jornalistas. O pedido foi feito de forma irónica pelo diplomata Andrij Melnyk, no Twitter. “É uma situação sem saída: leva a uma escalada significativa, leva os países da NATO a envolverem-se cada vez mais diretamente no conflito, mas não tem o potencial de mudar o curso dos eventos e não o fará.”
  • Cinco milhões de rublos, ou 66 mil euros, é a recompensa. Quem conseguir ser o primeiro a atingir os tanques ocidentais que vão ser entregues à Rússia pode contar com esse valor. A notícia é avançada pela Reuters. A oferta é da empresa Fores, sediada nos Urais, que atua na área da energia, e é válida para tanques alemães Leopard 2 ou tanques norte-americanos Abrams. Os ataques subsequentes valem à mesma uma recompensa, mas baixa para 500 mil rublos (6.600 euros).

O que aconteceu durante a manhã?

  • Ucrânia quer fazer parte da UE dentro de dois anos, diz o primeiro-ministro ucraniano “Temos um plano muito ambicioso para ingressar na União Europeia nos próximos dois anos”, disse Denys Shmyhal em entrevista ao Politico. Assim, e reconhecendo a dificuldade do prazo, Shmyhal diz esperar “que este ano, em 2023, já possamos estar nessa fase de pré-entrada das negociações”.
  • O Kremlin comentou as declarações do antigo primeiro-ministro britânico sobre a ameaça que Putin lhe terá feito. Dmitri Peskov diz que não é verdade, “mais precisamente, é uma mentira”. Segundo Boris Johnson, antes do início da guerra, o Presidente russo avisou que “levaria apenas um minuto” a lançar um míssil contra o Reino Unido, matando o então chefe de Governo. A revelação foi feita num documentário da BBC.

Boris Johnson acusa Putin de o ter ameaçado matar com um míssil

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  • Fim do controle de armas nucleares depois de 2026? “É possível”, diz vice-ministro russo. Sergei Ryabkov deixa no ar que o tratado de redução de armas nucleares entre os Estados Unidos e a Federação Russa pode não ser prolongado. A Rússia está a preparar-se para esse cenário sem tratado, garantiu.
  • O envio de Leopard 2 para a Ucrânia é uma decisão que tem de ser “coletiva” e ainda não foi tomada, diz a ministra da Defesa, Helena Carreiras. “Estamos a conversar com os nossos parceiros sobre a possibilidade de contribuir para a constituição desta capacidade da Ucrânia. Não podemos fazê-lo isoladamente. É preciso compreender que é uma decisão que tem de ser necessariamente coletiva“, disse.

Ucrânia: ministra da Defesa salienta articulação de ajuda com manutenção de capacidades nacionais

  • Ataque a prédio residencial faz um morto em Kharkiv. “Ontem, por volta das 23h, o inimigo lançou outro ataque com foguetes em Kharkiv”, escreveu Oleg Synehubov, governador da região, no Telegram, que dá conta de uma vítima mortal. “Infelizmente, uma idosa morreu. Mais 3 moradores do prédio ficaram feridos.”
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Ataque em Kharkiv

  • O secretário-geral da NATO instou a Coreia do Sul a aumentar o apoio militar à Ucrânia. Jens Stoltenberg agradeceu o envio de ajuda não letal à Ucrânia, mas pediu que o país faça mais, já que há uma “necessidade urgente” de munição.

Ucrânia: NATO pede à Coreia do Sul para aumentar ajuda

  • Segundo o Ministério da Defesa britânico, a Rússia prepara-se para uma nova rodada de mobilizações. “A 22 de janeiro de 2023, os jornais informaram que os guardas de fronteira russos impediram que trabalhadores migrantes do Quirguistão com passaporte duplo deixassem a Rússia, dizendo aos homens que os seus nomes estavam nas listas de mobilização”, lê-se no relatório diário.
  • Se Zelensky pede mais rapidez no fornecimento de armas, o Instituto para o Estudo da Guerra assume, no seu relatório diário, que os atrasos no envio de armamento limitaram as oportunidades da Ucrânia de lançar contra ofensivas maiores. “Os russos aproveitaram esses atrasos e falhas para tirar partido das janelas de vulnerabilidade que as suas próprias derrotas e incompetência produziram, mobilizando mão de obra e equipamentos e começando a racionalizar as suas próprias forças.”