Com os automóveis a evoluírem cada vez mais para uma espécie de computadores com rodas, sempre conectados e recarregáveis na tomada lá de casa, qual telemóvel, não é de estranhar que empresas como a Apple, a Sony e a Xiaomi arrisquem entrar no negócio automóvel. Enquanto a Sony se associou à Honda para criar a marca Afeela, cujo primeiro modelo será revelado em 2025 tendo por base um protótipo que é uma versão mais burilada do concept Sony Vision-S, o projecto da Apple continua a mexer e a ser um segredo guardado a sete chaves. Já a Xiaomi não se pode gabar do mesmo, pois o modelo com que se vai estrear como fabricante automóvel foi desvendado antes de tempo. A imprensa chinesa divulgou fotos do MS11, imagens essas que alegadamente “escaparam” para a Internet a poucas semanas da companhia, que é conhecida sobretudo pelos seus smartphones, apresentar oficialmente o seu primeiro veículo eléctrico.

As fotos que circulam online não primam pela qualidade, mas tudo indica que fazem parte de um lote de imagens oficiais e, possivelmente, até foram captadas com um telemóvel da Xiaomi no escritório da Xiaomi Automobile, a empresa criada em 2021 precisamente para levar a marca chinesa a inscrever o seu emblema em capots. As fotografias revelam que o modelo de estreia da Xiaomi tem um nome que até nem ficaria mal num telemóvel da marca chinesa, sendo particularmente interessante atentar na projecção a negro por cima do pára-brisas, ao centro, que potencialmente servirá para acomodar um LiDAR. Isto porque Li Jun, o homem que fundou a Xiaomi em 2010, sempre realçou que a companhia chinesa procuraria destacar-se da concorrência pela tecnologia ao dispor do utilizador – incluindo a condução autónoma, suportada igualmente por um conjunto de câmaras e de radares.

Visualmente, o Xiaomi MS11 exibe uma estética clean e fluida, com os estilistas a preocuparem-se claramente em conseguir uma imagem moderna sem comprometer a eficácia aerodinâmica. Ainda assim, surpreende o conservadorismo na adopção de espelhos retrovisores convencionais, ao invés de câmaras.

Quanto ao conjunto mecânico, ainda não há certezas, mas as informações disponíveis apontam para um potência total de 260 kW (354 cv) e uma arquitectura eléctrica de 800V, o que significa que o MS11 estará preparado para lidar com potências de carregamento elevadas, baixando o tempo de espera entre paragens. Agora de quantos em quantos quilómetros é que o condutor vai ter de recarregar a bateria é algo que ainda se desconhece. Resta aguardar por mais dados (oficiais), na certeza de que o primeiro desafio da marca é impor-se no seu mercado doméstico, pelo que o preço também será determinante.

Mas os chineses ainda vão ter de esperar mais um ano para conduzirem um Xiaomi, pois o MS11 só deve começar a ser produzido (na China) em 2024. A construção da fábrica de onde sairá esta berlina eléctrica arrancou em meados de 2022 e, numa fase inicial, prevê a produção de 150 mil unidades por ano, para depois duplicar o volume.

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