Poucas propostas para o futuro e um Governo que reflete instabilidade. Os partidos, da esquerda à direita, criticaram a postura de António Costa na entrevista à RTP no dia em que faz um ano da conquista da maioria absoluta.
Hugo Soares, secretário-geral do PSD, considerou que a entrevista deixou notar um primeiro-ministro “rendido e incapaz de falar sobre o futuro do país” e foi ainda mais longe ao dizer que também foi “incapaz” de apresentar uma “agenda transformadora, uma única ideia, uma medida para este ano”.
Perante um ano repleto de “casos e casinhos”, como o próprio Costa lhes chamou, o social-democrata fala num “ano desperdiçado” e considera que o PS encabeça uma “maioria absoluta que se transformou numa deceção”. “Os portugueses deram uma maioria absoluta na expectativa de ter estabilidade política e trouxe instabilidade”, sublinhou o secretário-geral do PSD, que acusou o primeiro-ministro de, à “semelhança do Governo”, ter sido “trapalhão” e de “não quer assumir responsabilidade por nada”.
Pela voz de Pedro Pinto, o Chega considerou a entrevista “muito poucochinho“, frisando que Costa “fugiu às questões dos casos que aconteceram no Governo” e que ficou “incomodado quando se falou de Fernando Medina”, sugerindo até que, pela reação do chefe de Estado, se percebeu que “poderá vir mais alguma coisa sobre o ministro”.
Além disso, reiterou que não houve explicações sobre os governantes que foram saindo do Governo, disse que faltaram justificações sobre a TAP e a indemnização a Alexandra Reis e referiu que, sobre o futuro, “não deu novidade nenhuma“.
Também a Iniciativa Liberal se atirou ao primeiro-ministro e à falta de sumo da entrevista: “Por que razão o primeiro-ministro deu esta entrevista? Não trouxe nada de novo embora tenha feito um esforço para parecer um homem novo para resolver os problemas dos portugueses.” Rodrigo Saraiva destacou o facto de “grande parte de entrevista” ter sido Costa “a tentar justificar os casos” de quedas no Governo e que acabou a “sacudir a água do capote no caso da TAP, como se as decisões fossem exclusivamente da administração da TAP”.
“Este Governo só tem para oferecer aos portugueses incompetência, incapacidade e instabilidade. O primeiro-ministro prometia estabilidade e foi exatamente isso que não trouxe”, sublinhou o líder parlamentar da bancada liberal.
Seguiu-se Inês Sousa Real com acusações de que o Governo está em “serviços mínimos” e, “depois da instabilidade que marcou o mandato, não consegue sair da retórica da retrospetiva e das justificações que nada justificam”.
Viu ainda “irrealismo” nas palavras de António Costa, nomeadamente, no “otimismo face à estabilidade que projeta para o país”. A líder do PAN disse ainda ser fundamental que a “deriva em que Governo se encontra não continue a prejudicar os governos e famílias”. “Precisávamos de respostas e projeções de futuro”, rematou.
Em reação à entrevista, Rui Tavares afirmou que esta deve “preocupar” pelo facto de grande parte ter sido a “falar de pequena política“. “O Governo deixou-se enredar numa trama que denunciou como sendo casos e casinhos, mas que são responsabilidade do Governo”, disse, criticando o Executivo por “falta de liderança, coordenação, metodologias e mecanismos que deviam estar em rigor num Governo que tem o mesmo primeiro-ministro há sete anos”.
Teve ainda tempo para descrever o ano como “horrível”, mas viu “alguma humildade” no primeiro-ministro ao admitir que o “Governo tinha errado”. Entre as críticas, colocou também o facto de “não ter conseguido falar de temas de futuro”.