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Trezentos e quarenta e dois (342) dias depois de a Rússia ter invadido a Ucrânia, o Instituto para Estudo da Guerra — um thinktank norte-americano — avisou que Vladimir Putin pode estar prestes a lançar uma nova ofensiva. Esse é pelo menos “o plano de ação mais provável” numa altura em que “as forças russas estão a fortalecer o seu agrupamento em Donbass como parte de uma ofensiva antecipada”.

Nada disso será suficiente para vitórias significativas, considerou o Ministério da Defesa britânico no habitual ponto de situação que publica todos os dias nas redes sociais. A Rússia está a efetuar ataques mais organizados nas cidades de Pavlivka e Vuhledar, na região de Donetsk, na tentativa de desviar as forças ucranianas do setor de Bakhmut. Mas os sucessos que alcançar nesses planos não serão suficientes para concretizar avanços significativos, diz o governo do Reino Unido.

Eis os acontecimentos que estão a marcar o dia.

O que aconteceu durante a manhã?

  • O ministro da Defesa da Ucrânia está esta terça-feira em Paris para se encontrar com Emmanuel Macron, Presidente de França, e com o homólogo francês, Sebastien Lecornu. O principal tópico de conversa será o fornecimento de jatos de guerra, nomeadamente F-16, à Ucrânia.
  • Numa visita oficial ao Brasil, Olaf Scholz pediu o envolvimento de Lula da Silva, Presidente do Brasil, nos esforços de ajuda à Ucrânia. Numa conferência de imprensa conjunta em Brasília, o chanceler alemão argumentou que o conflito na Ucrânia “não é uma guerra europeia, é uma guerra que diz respeito a todos” e que deve ser combatida para que não regresse “a lei do mais forte”.
  • Mas Lula da Silva tem outras ideias — e partilhou-as nessa mesma conferência de imprensa. O Presidente do Brasil recusou vender armamento à Alemanha para ajudar a Ucrânia na resistência frente à Rússia porque “o Brasil é um país de paz”. “A Rússia cometeu um erro crasso ao invadir território da Ucrânia”, mas “quando um não quer, dois não brigam”, afirmou.
  • O Presidente do Brasil também instigou Xi Jinping, homólogo chinês, a ser mais participativo para travar o conflito.”Eu, se for em março à China, esse é um dos assuntos que quero conversar com o Presidente Xi Jinping. Está na hora de a China pôr as mãos na massa e tentar ajudar a encontrar a paz entre a Rússia e a Ucrânia”, disse ele na conferência de imprensa. Lula da Silva também sugeriu que se criasse um grupo semelhante ao G20 para os país negociarem a paz com a Rússia e a Ucrânia. Do grupo fariam parte países como o próprio Brasil, Índia e Indonésia.
  • O Governo ucraniano criticou as declarações do Presidente croata, Zoran Milanovic, que disse que a Crimeia nunca mais voltaria a estar sob controlo ucraniano. “Consideramos inaceitáveis ​​as declarações do Presidente da Croácia, que efetivamente lançam dúvidas sobre a integridade territorial da Ucrânia”, escreveu o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Oleg Nikolenko, no Facebook.
  • Dmitry Medvedev, aliado de Vladimir Putin e vice-presidente do conselho de segurança russo, declarou que as sanções impostas pelo Ocidente a Moscovo estão a “falhar miseravelmente”, afirmando ainda que, além da substituição dos bens por aqueles que são produzidos na Rússia e China, o país continua a receber produtos ocidentais a partir de “importações paralelas”.
  • Um ex-assessor de Vladimir Putin, Abbas Gallyamov, disse que tem aumentado a possibilidade de um golpe militar na Rússia. Em declarações à CNN, o analista político (que chegou a escrever discursos para Putin) acredita que a população russa está a ficar saturada da investida na Ucrânia e das consequências que ela tem trazido: “A economia russa está a deteriorar-se. A guerra está perdida. Há cada vez mais cadáveres a regressar à Rússia”, argumentou, dizendo que Putin está mais “emocional” e a acusar “cansaço”.

O que aconteceu durante a tarde?

  • O Reino Unido junta-se ao “não” de Joe Biden, Presidente norte-americano, e também não deverá enviar caças para a Ucrânia — pelo menos por agora. Citada pela Sky News, fonte de Downing Street disse que “não era prático” enviar caças britânicos, como os F-35 ou os Typhoon, porque “são extremamente sofisticados e demoram meses até que se aprenda como manuseá-los”.
  • Dmytro Kuleba, ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, disse que Kiev vai receber entre 120 e 140 tanques naquela que é descrita como a “primeira onda de contribuições” de uma coligação que junta 12 países, incluindo a Alemanha, Estados Unidos, Polónia, Finlândia, Espanha, Países Baixos e Dinamarca.
  • O Kremlin acusou os países bálticos e a Polónia de manterem uma postura “extremamente agressiva” contra a Rússia e lamentou que a posição manifestada ignore eventuais consequências. Citado pela Reuters, o porta-voz do Kremlin, disse que estes países “estão aparentemente dispostos a fazer tudo para provocar mais confrontos, com pouca consideração pelas consequências”.
  • O ex-coordenador do Brexit pela parte da União Europeia (UE) e ex-primeiro-ministro belga, Guy Verhofstadt, sugeriu que a Rússia não teria invadido a Ucrânia se o Reino Unido não tivesse optado por sair da União Europeia (UE).
  • Andrew Medvedev, um antigo membro do grupo paralimitar russo Wagner, pediu asilo na Noruega, pedido desculpa aos ucranianos que vivem naquele país. “Peço que não me condenem e, em todo o caso, peço desculpas”
  • O ministro da Defesa francês, Sébastien Lecornu, anunciou o envio de 12 canhões Caesar para a Ucrânia, após um encontro com o homólogo ucraniano, Oleksiy Reznikov. A França comprometeu-se também a treinar 2.000 militares ucranianos durante o verão.
  • O ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia acusou a NATO de travar uma “guerra híbrida” contra a Rússia. “Independentemente do que digam os nossos parceiros ocidentais e de como tentem justificar as suas ações ao fornecer armas à Ucrânia (…) todos compreendem o que se passa”, afirmou Sergei Lavrvov.

O que aconteceu durante a noite?

  • O chefe do gabinete do Presidente da Ucrânia, Andriy Yermak, apelou à União Europeia que implemente sanções “imediatas” contra os propagandistas do Kremlin para debilitar o apoio que Vladimir Putin no país.
  • Vários aliados da Ucrânia rejeitaram a hipótese de fornecerem caças, mas Kiev permanece otimista. “No início, todos os tipos de assistência passaram pela fase do ‘não’”, afirmou o ministro da Defesa ucraniano. Depois da Ucrânia ter sugerido que a Polónia poderia estar disposta a enviar os caças F-16 que Kiev pediu, Varsóvia negou que estejam a decorrer discussões nesse sentido.
  • Os Estados Unidos acusaram a Rússia de não respeitar o designado tratado New Start, o último acordo de desarmamento nuclear que une os dois países. A diplomacia norte-americana censurou Moscovo por ter suspendido as inspeções e anulado as conversações previstas no âmbito deste acordo.
  • A Ucrânia está a preparar os últimos pormenores da cimeira com a União Europeia em Kiev. O primeiro-ministro ucraniano, Denys Shmygal, sublinhou que o evento será “um forte sinal” para os “parceiros e inimigos” do país.
  • A Presidência turca confirmou estar a manter contactos para promover trocas de prisioneiros de guerra entre a Rússia e a Ucrânia e criar um corredor humanitário no país.
  • Uma porta-voz da Casa Branca disse esta terça-feira que poderá estar para “breve” um novo pacote de assistência militar norte-americano para a Ucrânia. Segundo fontes da Reuters, deverá incluir rockets de maior alcance, equipamento de suporte para os sistemas de defesa antiaéreos Patriot e armas anti-tanque Javelin.
  • O Presidente ucraniano anunciou que estão a ser preparadas novas reformar no país para transformar a realidade social, legal e política do país. No habitual discurso diário, Volodymyr Zelensky explicou que o objetivo das medidas é caminhar para uma realidade “mais humana, transparente e eficaz”.
  • O Ministério de Defesa da Rússia disse ter tomada controlo da localidade de Blahodatne, avançou a agência Reuters. A vila situa-se perto da cidade de Bakhmut, onde decorrem intensos combates entre as forças russas e ucranianas.

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