A mãe de Luana, a jovem de 17 anos que estava desaparecida desde 30 de maio de 2022 e que foi encontrada em Évora esta terça-feira na sequência de uma operação da Polícia Judiciária (PJ), diz que a filha estava “muito cansada” e “abatida” quando a viu pela primeira vez em oito meses. Em entrevista à SIC, Paula Pereira revela ainda que, em setembro, encontrou mensagens “amorosas” trocadas entre a jovem e o suspeito, que transmitiu às autoridades.

Paula Pereira avança que foi informada pela PJ de que Luana tinha sido encontrada pelas 19h00 de segunda-feira e que rapidamente foi ao seu encontro. A menor estava “muito cansada” e “abatida do excesso de cansaço”. “Ela simplesmente disse para não a esmagar porque ficou muito ansiosa, sabia que íamos cobri-la de abraços e beijos”, conta. Mas “aparentemente está bem”. “Ainda não lhe perguntei nada de concreto, vai ser deixá-la repousar um bocadinho, para meter as ideias no lugar”, acrescentou.

Segundo Paula Pereira, Luana vai ser agora submetida a exames médicos para averiguar se houve ou não contacto sexual — a mãe diz que a jovem assegura que não, mas “tem de haver uma prova, ela pode estar a encobrir”. A jovem vai também ser acompanhada por um psicólogo e pela Segurança Social.

Luana vivia com o raptor e a mãe dele, ia para o sótão quando havia visitas e passava os dias num quarto sem luz a jogar

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Paula Pereira revela que Luana lhe confirmou que o suspeito foi buscá-la a Leiria, para ir com ele para Évora, numa altura em que os pais da menor tinham ido ao norte do país. Em setembro, a mãe e o sobrinho encontraram mensagens “amorosas”, num jogo eletrónico, enviadas pela jovem, que “de imediato” foram transmitidas à PJ. O suspeito não respondia por mensagem escrita, mas por voz.

Apesar de saber da existência das mensagens, a mãe conta que não foi à casa do suspeito porque “não tinha a certeza absoluta” se a filha estaria em casa dele e também para “não pôr em risco a vida” da jovem, pelo que deixou a investigação para as autoridades. “Vontade não nos faltou… pegar no carro e abalar, mas pensámos duas vezes. Não sabíamos que tipo de pessoa era e se era essa a pessoa. Podíamos pôr a investigação em risco”, conta.

Paula Pereira caracteriza como “muito chocante” o contexto em que Luana esteve estes meses. “Foi muito chocante saber que uma pessoa com esse nível [de idade, 48 anos]… podia ter um bocadinho de sensibilidade e não induzir crianças”.

À SIC, a mãe do detido garante que não houve relações sexuais entre o filho e Luana, e que até dormiam em quartos separados, um dado que contraria a informação avançada pela PJ ao Observador. Luana esconder-se-ia no sótão quando o detido recebia visitas, como as filhas, que nunca terão chegado a conhecer a jovem, nem sabiam que ela ali vivia. Luana passaria praticamente todo o dia fechada no quarto a jogar e só sairia para comer.

A mãe do detido assegura ainda à SIC que tentou convencer a jovem a contactar a mãe para lhe dizer que estava bem, depois de ter percebido, através de um programa de televisão, que Paula Pereira procurava a filha. Mas Luana terá dito que não se dava bem com a mãe e que não queria voltar, segundo a SIC. O homem terá dito à mãe que estava “apaixonado” pela jovem.

A investigação acredita que as conversas com o suspeito já duravam desde que a menor tinha 14 anos, estando agora a tentar determinar a dimensão da dependência psicológica.

Ministério Público demorou seis meses a conseguir autorização para obter localização do telemóvel de Luana