O Presidente da República português, Marcelo Rebelo de Sousa, manifestou nesta quarta-feira pesar pela morte de Cleonice Berardinelli, na terça-feira, aos 106 anos, sublinhando o seu “lugar destacadíssimo” entre os estudiosos brasileiros da literatura portuguesa.

“De todos os lusitanistas, que tanto contribuem para manter viva a cultura portuguesa no mundo, os brasileiros merecem menção especial, dada a nossa história antiga e a nossa língua comum. E de entre os estudiosos brasileiros da literatura portuguesa, Cleonice Berardinelli tinha um lugar destacadíssimo”, lê-se numa nota do chefe de Estado português.

Na mensagem publicada no sítio oficial da internet da Presidência da República, Marcelo Rebelo de Sousa refere que “os escritores e académicos portugueses e brasileiros, e os seus alunos dos dois lados do Atlântico, devem muito ao magistério de «Dona Cleo», como era carinhosamente tratada”.

“Manifesto, na sua partida, o meu pesar e a nossa gratidão”, declara o Presidente da República.

Na nota, destaca-se que Cleonice Berardinelli foi professora em universidades brasileiras, americanas e portuguesas, “dedicou-se aos estudos camonianos e a diversos trabalhos sobre Pessoa (ensaios, antologias, edições críticas)”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Decana da Academia Brasileira de Letras, era correspondente da Academia das Ciências de Lisboa desde 1975, foi membro do júri do Prémio Camões e recebeu as insígnias da Ordem do Infante D. Henrique e da Ordem de Sant’Iago da Espada”, lê-se ainda na mensagem publicada pela Presidência da República.

De acordo com a imprensa brasileira, Cleonice Berardinelli morreu na terça-feira aos 106 anos.

Segundo o jornal Estadão, a especialista em literatura portuguesa do Brasil doutorou-se em 1959 em Letras Clássicas e Vernáculas pela Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil e foi professora durante mais de 50 anos em instituições como a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).

Cleonice Berardinelli foi também professora na Universidade Católica de Petrópolis, no Instituto Rio Branco e foi professora convidada pelas Universidades da Califórnia, campus Santa Barbara (1985), e de Lisboa (1987 e 1989).

Entre as principais obras de Cleonice Berardinelli encontram-se “Estudos camonianos, de 1973, que foi ampliada em 2000, “Obras em prosa: Fernando Pessoa”, de 1986, “A passagem das horas de Álvaro Campos”, de 1988, “Poemas de Álvaro Campos”, editada em Lisboa em 1990, “Fernando Pessoa: outra vez te revejo…, de 2004″, e Gil Vicente: autos”, de 2012.