Depois de a Câmara Municipal de Lisboa ter dito, esta semana, que não queria trabalhar com José Sá Fernandes, o antigo vereador de Fernando Medina e coordenador nomeado pelo Governo para o grupo de trabalho da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) respondeu ao executivo de Carlos Moedas: “Eu não sou coordenador disto tudo”. Em entrevista ao programa Interesse Público, do jornal Público, José Sá Fernandes quis explicar que o projeto do altar-palco, cuja construção vai além dos cinco milhões de euros, é uma competência do município de Lisboa.

E disse, em relação ao encontro que aconteceu esta quinta-feira entre a Câmara de Lisboa e a Igreja, que “não tinha de estar na reunião”. “Esta era uma tarefa especifica da Câmara Municipal de Lisboa, que conjuntamente com a Igreja, são estas duas entidades que a devem desenvolver.”

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As tarefas, disse Sá Fernandes, estão bem definidas entre Governo, câmaras e Igreja. “Tenho de coordenar tudo o que tem a ver com a segurança, com proteção civil, com emergência médica, recentemente com a mobilidade e com todos os equipamentos que estão ligados aos sanitários. E também dos ecrãs, luz e som. Por outro lado, também recentemente, recebi a missão de organizar a chamada feira da alegria, juntamente com a Igreja”, clarificou.

Na semana passada, Sá Fernandes criticou o valor do altar-palco, dizendo que os custos poderiam ter sido reduzidos e que existiam outras alternativas. O executivo de Moedas não gostou e, na última reunião da Assembleia Municipal de Lisboa, o vice-presidente da Câmara de Lisboa, Filipe Anacoreta Correia, disse que agora seria esta câmara a assumir a coordenação da JMJ: “Não aceitamos mais pretensos coordenadores que não fazem nada e que não ajudam a resolver nada”.

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Durante a entrevista, Sá Fernandes sublinhou várias vezes: “Eu não sou coordenador geral, eu não tenho nada a ver com o palco”. “Desde sempre que a SRU (Sociedade de Reabilitação Urbana), a Câmara de Lisboa, ficou responsável pelo altar. Não me venham dizer que a culpa é minha.”

Ainda em relação aos custos da JMJ, e ao facto de todas as despesas ficarem do lado do Estado, o antigo vereador do executivo de Fernando Medina recordou um episódio de 2019, quando a Igreja “perguntou a todos os protagonistas da altura, seja o Governo, seja a Câmara Municipal de Lisboa, seja o próprio Presidente da República, se achavam boa ideia a Igreja candidatar-se à JMJ para Lisboa e disse claramente que isto tinha de ser financiado ou pelas câmaras ou pelo Estado”. “E as pessoas concordaram.