O BPI fechou o ano de 2022 com um aumento de 19% nos lucros consolidados, para 365 milhões de euros, um resultado para o qual a atividade em Portugal contribuiu com 235 milhões – mais 31% do que no exercício de 2021. A margem financeira, a diferença entre aquilo que o banco cobra nos créditos e paga pelo seu financiamento (incluindo depósitos), aumentou 20%. O banco diz que “poucas centenas” de clientes já  renegociaram o crédito, depois de cerca de dois mil terem procurado o banco para pedir uma renegociação.

“Temos pela frente um ano muito desafiante que tem de ser encarado com prudência, pelo enquadramento que vivemos, mas também com confiança no caminho que temos prosseguido”, afirma o gestor. Na conferência de imprensa de apresentação dos resultados, João Pedro Oliveira e Costa comentou que “temos uma guerra no meio da Europa”, com “riscos de escalada” e salientou que apesar de podermos ter evitado a recessão isso não significa que as economias não estejam a abrandar muito rapidamente – porque estão, alertou o banqueiro.

Por essa razão, o BPI mantém 50 milhões de euros em provisões não alocadas, ou seja, valores colocados de lado (que subtraem aos lucros) para precaver riscos gerais. “O incumprimento pode aumentar, estamos preparados para isso“, afirmou o banqueiro, que garante que para já não tem havido muitos casos de pessoas que estão a renegociar o crédito.

“No que diz respeito à abrangência do decreto de lei, um terço da carteira [de crédito à habitação] é abrangida. Até agora, e embora acredite que a situação pode agudizar-se, tivemos 1% da carteira de clientes que contactaram o banco e são elegíveis”, disse João Pedro Oliveira e Costa. São cerca de dois mil clientes que procuraram o banco, pela sua iniciativa, e desses algumas centenas já concretizaram a renegociação. “Mesmo os que não têm elegibilidade, o banco vai ter uma resposta e vai ter soluções”, garantiu o banqueiro.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Estamos bastante sensíveis e preocupados relativamente a tudo o que estamos a viver e vem pela frente, e sobretudo às franjas das pessoas e empresas que possam estar com maiores dificuldades”, disse João Pedro Oliveira e Costa, salientando que os dados económicos não são negativos mas “as médias não dizem tudo“.

O gestor comentou, também, que em “breve” poderá haver aumento da remuneração dos depósitos, numa altura em que muitos aforradores vão para os Certificados de Aforro. Sobre esses produtos de poupança do Estado, João Pedro Oliveira e Costa critica que o Estado pague uma remuneração tão elevada quando possivelmente não haveria necessidade.

Sobre a turbulência no Governo nos últimos meses, João Pedro Oliveira e Costa disse que é “altamente indesejável” que haja instabilidade política no País, na situação atual.

“Abrandamento da procura e da concretização do crédito à habitação”

O líder do BPI comentou, também, que “estamos a assistir a um abrandamento da procura e da concretização do crédito à habitação”, embora em janeiro seja habitual haver menos atividade. Quanto à evolução dos preços do imobiliário, João Pedro Oliveira e Costa acredita que os preços vão continuar “relativamente estabilizados” e “pode haver alguma queda do preço em algumas áreas, depois de ter subido muitíssimo” – ainda assim, o banco sustenta que o desequilíbrio entre oferta e procura vai continuar a impulsionar os preços.

O produto bancário comercial cresceu 14% para 873 milhões de euros, com a margem financeira a crescer 20% para 548 milhões, “refletindo o
crescimento do volume de crédito e a subida das taxas de mercado”. Já as comissões (líquidas) cresceram 3% face ao ano anterior, para 296 milhões de euros, “em resultado do aumento das operações de crédito, das comissões associadas a contas e da intermediação de seguros”.

“O exercício de 2022 ficou marcado por um forte dinamismo comercial, que nos permitiu melhorar a rentabilidade e manter uma posição financeira confortável”, afirmou o presidente do banco, João Pedro Oliveira e Costa.

Foi também um ano de investimento em modernização de infraestruturas, entre as quais se destaca a mudança de cerca de 1.000 colaboradores para o Edifício Monumental em Lisboa, e em  transformação tecnológica, com o lançamento do BPI VR, naquele que é um primeiro passo do Banco no Metaverso”.

BPI investe valor “bastante considerável” para lançar primeiro “balcão” em realidade virtual em Portugal