O juiz do Supremo Tribunal Federal do Brasil Alexandre de Moraes — responsável pelo inquérito à invasão dos edifícios dos Três Poderes a 8 de janeiro — confirmou ter sido abordado pelo senador Marcos do Val com uma denúncia de uma suposta tentativa para o afastar e com isso levar a cabo um golpe de Estado, engendrada pelo Presidente Jair Bolsonaro.

Senador cria polémica ao acusar Bolsonaro de o coagir para participar em golpe de Estado, mas voltou atrás horas depois

Moraes participa no evento Lide Brazil Conference, que tem lugar em Lisboa esta sexta-feira e sábado, e foi ali que lhe foi pedido para que confirmasse ou negasse as recentes notícias, já que Val inicialmente afirmou que teria havido essa tentativa e depois recuou.

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“Recebi o senador no Salão Branco. O que ele me disse é que o deputado Daniel Silveira o teria procurado”, começou por dizer o juiz.

A ideia genial que tiveram foi colocar escuta no senador — alguém com quem eu nem tenho intimidade, com quem estive três vezes na vida — para me gravar e a partir dessa gravação pedir a minha retirada dos inquéritos [que lidero]”.

Moraes, contudo, diz não considerar automaticamente verdade esta denúncia, já que Val ter-se-á recusado a prestar depoimento oficial. “E, para mim, o que não é oficial não existe”, acrescentou o juiz perante a plateia de empresários, políticos e juízes que se reuniu no Hotel Ritz. Alexandre de Moraes era para participar na conferência presencialmente, mas acabou por ficar no Brasil e entrar por videoconferência.

O senador Marcos do Val havia confirmado através de uma live no Facebook que teria feito parte de uma reunião com Daniel Silveira e o próprio (à altura) Presidente, Jair Bolsonaro, onde teria sido desenhado o plano para afastar Alexandre de Moraes do cargo de presidente do Tribunal Supremo Eleitoral e assim invalidar o resultado eleitoral das presidenciais. Esperavam que a escuta apanhasse declarações comprometedoras de Moraes que pudessem ser usadas para justificar o afastamento.

Val recuou depois, dizendo que a reunião aconteceu, mas que o plano apenas teria sido apresentado por Silveira e não teria tido o apoio de Bolsonaro.