Um empresário de 46 anos, que se dedicava à compra e venda de viaturas, optou nesta segunda-feira pelo silêncio, no início de um julgamento em que é acusado de uma fraude fiscal que terá lesado o Estado em 2,9 milhões de euros.

O arguido, residente em Aveiro, foi gerente de duas empresas sediadas em Coimbra, que se dedicavam à venda de viaturas compradas no estrangeiro, nomeadamente na Alemanha.

No julgamento no Tribunal de Coimbra, estão em causa duas acusações, uma em torno da atividade numa das empresas, entre 2015 e 2017, e outra, entre 2017 e 2018.

Num dos casos, o Ministério Público pede a restituição de 1,2 milhões de euros e, no outro, de 1,68 milhões de euros, por alegada fraude fiscal, acusando o arguido de não pagar todo o IVA devido e de aplicar um regime especial de tributação de IVA, ao qual, alegadamente, não poderia ter recorrido.

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Empresário julgado em Coimbra por fraude fiscal de 1,2 milhões de euros

No início do julgamento, que começou esta segunda-feira de manhã, uma inspetora tributária contou que nunca foi possível estabelecer contacto com o gerente da empresa, mesmo após ter sido notificado, no âmbito de uma ação inspetiva.

Outro inspetor da Autoridade Tributária salientou que o regime especial de tributação para bens em segunda mão não poderia ser aplicado a veículos comprados sem imposto.

“Não era contabilizado todo o imposto que era devido e os impostos nem sequer eram liquidados”, explicou a testemunha.

O inspetor tributário realçou que, aquando da ação inspetiva, não teve acesso a todos os documentos necessários.

Já o responsável pela contabilidade das empresas do arguido, também ouvido hoje de manhã, adotou uma postura defensiva, perante a insistência do Ministério Público, alegando que as declarações fiscais tinham sido todas entregues e que, na ação inspetiva, o inspetor teve acesso a todos os documentos necessários.

Questionado pela defesa, o contabilista referiu que as obrigações fiscais das empresas do arguido eram cumpridas.

No final do seu depoimento, a juíza que preside ao coletivo questionou a testemunha se estava “chateado com o arguido”.

“Isso é uma questão pessoal. Sou obrigado a responder?”, perguntou, tendo de seguida admitindo que “sim”.

“Ficou a dever dinheiro, demorou muito a acertar contas comigo e coisas do género”, acrescentou, após nova insistência da juíza para que respondesse.

O arguido é acusado de um crime de fraude fiscal qualificada