A greve dos motoristas do grupo Transdev teve uma adesão de 80% a nível nacional e de 95% em Guimarães e arredores, indicou o sindicato, estando cerca de 70 funcionários concentrados junto à Câmara de Guimarães.

Os trabalhadores, que reivindicam da empresa de transporte rodoviário aumentos salariais e melhores condições, começaram por se concentrar esta segunda-feira em frente à sede do grupo, em Guimarães, distrito de Braga, seguindo depois a pé em direção ao edifício do município de Guimarães.

Em declarações aos jornalistas, José Manuel Silva, do Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários e Urbanos do Norte (STRUN), que convocou a greve de 24 horas (0h00/24h00), explicou que a adesão à iniciativa “foi muito elevada”, dando conta de uma adesão de 80% a nível nacional e de 95% em Guimarães e nos concelhos limítrofes.

“O principal aqui são direitos dos trabalhadores que lhes foram retirados, porque houve outras organizações sindicais que assinaram um contrato coletivo de trabalho com a Transdev, que não foi assinado por nós, e a empresa está a querer aplicar a todos os trabalhadores e nós não aceitamos isso”, sublinhou o dirigente sindical.

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Concentrados em frente à Câmara de Guimarães, os trabalhadores empuhavam frases como: “Transdev paga salários de miséria aos trabalhadores — 790 euros mês”; “Com este CCT [Contrato Coletivo de Trabalho], trabalhadores da Transdev andam diariamente com a marmita às costas”; “Recebem ao Km das CIM [Comunidades Intermunicipais], carreiras por fazer, passageiros ficam na rua”; ou “Transdev roubou valor do pequeno almoço a todos os trabalhadores”.

A agência Lusa contactou o grupo Transdev, mas até ao momento não obteve resposta.

Os cerca de 70 trabalhadores aprovaram ainda uma moção e uma delegação foi recebia pela vereadora da Câmara de Guimarães Sofia Fernandes, que tem o pelouro dos transportes.

No documento, os trabalhadores exigem, nomeadamente, aumentos salariais no mesmo valor da inflação de 2022 (8,12%), a reposição da devolução do pagamento do pequeno almoço aos motoristas que iniciem o transporte antes das 06:00, e que o horário do almoço e de jantar seja, no mínimo, de uma hora, entre as 11:00 e as 14:30, e as 19:00 e as 22:30, “como sempre foi, e não entre a 3.ª e a 4.ª hora de trabalho”.

“Utentes estão a viajar sem segurança, devido ao excesso de tempo de trabalho e de algumas viaturas sem condições, além de terem, por vezes, que pagar dois a três títulos de transporte para fazerem a viagem que, até agora, faziam apenas com um título e por valores muito inferiores”, lê-se na moção aprovada em plenário realizado em frente à Câmara de Guimarães.

Os trabalhadores do grupo Transdev aprovaram também novas greves de 24 horas para 1 de março e 17 de abril.

O grupo Transdev tem uma operação repartida por pelo menos 14 empresas e consórcios no Norte e Centro, região na qual tem uma maior presença, segundo dados consultados pela Lusa.

A Norte, além de autorizações provisórias, a Transdev já opera, ao abrigo dos novos concursos públicos de transporte rodoviário de passageiros, em três comunidades intermunicipais, e operará num dos cinco lotes definidos para a Área Metropolitana do Porto (AMP).

No Centro, a empresa tem maior presença no transporte intermunicipal nas comunidades intermunicipais (CIM) da Região de Coimbra, Viseu Dão Lafões e Beira Baixa, e concentra 42% da despesa nas Beiras e Serra da Estrela.

Além do transporte intermunicipal, a Transdev opera ainda várias linhas de cariz municipal (por exemplo, em Aveiro e Covihã) e transporte escolar.