A Noruega, um dos maiores produtores de petróleo do mundo, anunciou nesta segunda-feira que irá doar à Ucrânia, ao longo dos próximos cinco anos, 75.000 milhões de coroas norueguesas (6.800 milhões de euros).

O pacote financeiro, que terá ainda de ser aprovado pelo Parlamento norueguês, foi anunciado pelo primeiro-ministro Jonas Ghar Store, permitindo que a Noruega obtenha o estatuto de um dos maiores doadores do mundo à Ucrânia, país que é vítima de uma invasão militar russa, iniciada a 24 de fevereiro do ano passado.

Segundo Ghar Store, citado pela agência noticiosa Associated Press (AP) num despacho a partir de Copenhaga, o dinheiro será repartido em idênticos montantes para programas de ajuda e assistência militar e humanitária ao longo dos próximos cinco anos, em que, a cada 12 meses, serão disponibilizados 15.000 milhões de coroas (1.360 milhões de euros).

Na semana passada, a presidente da Comissão Europeia (CE), Ursula von der Leyen, disse que o apoio económico, humanitário e militar da União Europeia (UE) à Ucrânia aproxima-se agora 50.000 milhões de euros.

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No início deste mês, a UE disse que irá revelar o décimo pacote de sanções económicas à Rússia a 24 de fevereiro – dia em que se assinala o primeiro aniversário da invasão russa da Ucrânia – e que terá como alvo, desta vez, a tecnologia usada pela máquina de guerra da Rússia.

Em 2022, a Noruega, que não é membro da UE, deu à Ucrânia mais de 10.000 milhões de coroas norueguesas (cerca de 906 milhões de euros) em ajuda civil e militar.

“Vamos ter de aumentar o montante a retirar do fundo petrolífero (norueguês)”, realçou Gahr Store numa conferência de imprensa, acrescentando esperar “uma grande maioria” no parlamento norueguês a aprovar o pacote de ajuda.

“Apoiar a Ucrânia é apoiar um povo em guerra, mas também é apoiar a nossa segurança fundamental. Estamos a mostrar aos ucranianos que vamos apoiá-los por muito tempo”, disse Gahr Store, frisando que, desta forma faseada em cinco anos, será possível um melhor planeamento para que o dinheiro “seja usado onde as necessidades são maiores”.

Noutra conferência de imprensa, também hoje, Gahr Store falou sobre a existência de uma “nova ‘Cortina de Ferro'” a dividir leste e oeste.

“É difícil sobrestimar as implicações para a Europa. Uma Rússia em isolamento autoimposto é uma má notícia para nós. Mas as necessidades da Ucrânia são imensas”, enfatizou.

Paralelamente, o Governo de Oslo também propôs aumentar a ajuda aos países afetados pela guerra na Ucrânia em 5.000 milhões de coroas (453 milhões de euros), verba destinada a ser usada em ajuda humanitária e em produtos alimentares.

Na semana passada, o governo norueguês disse que os lucros do petróleo deveriam ser destinados ao financiamento de mais ajuda à Ucrânia.

A Noruega é um dos maiores exportadores de combustíveis fósseis da Europa e o conflito na Ucrânia aumentou as receitas provenientes do gás. No entanto, a Noruega tem rejeitado as acusações de que está a lucrar com a guerra na Ucrânia.

A corrida dos países europeus a fontes alternativas de combustíveis após a invasão da Ucrânia pela Rússia há quase um ano aumentou drasticamente a procura e, inevitavelmente, o preço, do petróleo e do gás da Noruega.