Em comunicado, a Direção do PCP do Porto afirma que o Governo, a autarquia e a Área Metropolitana do Porto “forçaram a aprovação da concessão” do Coliseu, ao dizerem-se “incapazes” de investir o montante necessário para a sua reabilitação, que, inicialmente, ascendia a 8,5 milhões de euros.

Destacando que a pandemia “causou uma drástica diminuição das atividades culturais”, o PCP afirma, contudo, que a anterior direção, presidida por Mónica Guerreiro, desenvolveu uma intensa atividade que permitiu “promover, com sucesso, uma dinâmica cultural muito diversificada”.

“Face ao esfriamento do interesse de privados e preocupados com o descontentamento da população e dos agentes culturais com a concessão do Coliseu, o Governo e a Câmara Municipal do Porto, em abril de 2021, anunciaram que, afinal, apenas seriam necessárias obras de 3,5 milhões de euros e que as mesmas seriam pagas em partes iguais”, relembra o partido.

O PCP afirma que, como as obras não aconteceram, a autarquia, Governo e AMP “voltaram ao seu objetivo inicial”.

Para o partido, a opção tomada não se deveu à “impossibilidade da câmara e o Governo assegurarem o financiamento, mas por ideologicamente insistirem na concessão a privados”, defendendo que as obras poderiam ter sido inscritas no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) ou outros fundos comunitários.

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Dizendo que se “tornou necessário afastar a anterior presidente da associação” e eleger uma nova direção “sintonizada com o objetivo da concessão”, o PCP afirma que o Governo socialista e o movimento independente de Rui Moreira “comungaram-se nesse objetivo”, a 31 de janeiro, na Assembleia Geral dos Amigos do Coliseu, entidade que gere o equipamento.

“Para além da eleição dos novos diretores, a primeira decisão foi o da fixação da remuneração do novo presidente da associação [Miguel Guedes], com um aumento substancial relativamente à remuneração que era auferida pela anterior presidente”, refere o partido, notando que na sessão foi denunciado que os funcionários “têm os seus salários congelados há anos”.

“Não pode deixar de se registar e lamentar que o novo presidente da direção aceitou, objetivamente, a incumbência de levar a cabo a concessão do Coliseu”, nota o partido, que “continuará a bater-se pela manutenção de um modelo de gestão direta do Coliseu”.

Em 15 de julho, a direção da Associação Amigos do Coliseu aprovou por unanimidade uma proposta, apresentada pelo então representante da Câmara do Porto, para concessionar o equipamento a privados.

Em declarações aos jornalistas, Rui Moreira afirmou que concessionar o equipamento a entidades privadas era “voltar à intenção original”.

No mesmo dia, o ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, disse, em declarações enviadas à Lusa, que apoiava a concessão e que a opção era feita “sem nenhum preconceito” quanto ao modelo de gestão e financiamento da reabilitação.

O músico Miguel Guedes foi convidado pela Câmara Municipal do Porto a assumir o cargo de presidente da direção do Coliseu, espaço cultural que pretende “preservar” e “eternizar”, reforçando a sua ligação à cidade e às pessoas, disse numa entrevista à Lusa.