O Presidente do Brasil criticou esta segunda-feira o banco central brasileiro, considerando injustificável a manutenção da taxa básica de juros em 13,75% ao ano, e apelou aos empresários para que pressionem a instituição a baixá-la.

“Essa alta de juros e as explicações dadas à sociedade por membros do banco central são vergonhosas“, afirmou Luiz Inácio Lula da Silva, num evento no Rio de Janeiro por ocasião da posse do novo responsável do Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social (BNDES).

O Presidente progressista referiu que “muita gente” lhe recomendou que não se pronunciasse sobre o assunto por causa de possíveis repercussões negativas no mercado financeiro, mas insistiu em fazê-lo, justificou, porque tem esse direito e porque foi “eleito” para isso.

Lula da Silva sublinhou que “o problema” é que o Brasil “tem uma cultura de viver com juros altos que não condizem com a necessidade atual de crescimento” do país, que segundo analistas económicos, será inferior a 1% em 2023.

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“A economia brasileira precisa voltar a crescer, é urgente”, frisou o líder do Partido dos Trabalhadores (PT), que assumiu o poder no dia 1 de janeiro deste ano.

Perante este cenário, pediu ajuda à “classe empresarial”, que a seu ver “precisa aprender a protestar contra as altas taxas”, para pressionar o banco central com o objetivo de reduzir a taxa de juros.

“Quando o banco central dependia de mim, o mundo inteiro protestava. Agora não falam nada (…) Se o empresariado não se manifestar, sinceramente não vão baixar os juros”, sublinhou Lula da Silva.

Na última quinta-feira, o chefe de Estado questionou a lei sancionada em 2021 pelo seu antecessor, o líder da extrema-direita Jair Bolsonaro, que deu autonomia formal ao banco central, responsável pela política monetária do país, deixando em aberto a possibilidade de reversão desse ‘status’ durante o seu mandato.

As declarações do Presidente da República do Brasil provocaram uma forte valorização do dólar face ao real e quedas na bolsa paulista.

Um dia antes, o banco central decidiu manter, pela quarta vez consecutiva, as taxas oficiais em 13,75% ao ano, os maiores patamares desde 2016, considerando que a inflação, atualmente em 5,79%, continua a ameaçar a economia brasileira.