A vistoria para avaliar as condições de segurança do prédio da Mouraria, em Lisboa, onde duas pessoas morreram devido a um incêndio concluiu que “do ponto de vista estrutural” o edifício “não foi afetado”. Ainda assim, segundo a Proteção Civil Municipal, “não reúne as condições de habitabilidade”.

Em declarações aos jornalistas, Carlos Lopes Loureiro, chefe da Divisão de Operação da Proteção Civil, disse que o prédio “não tem energia” e “não tem gás”, pelo que até “estas reparações estarem feitas”, o mesmo “não deve ser habitado”. Após as reparações, sublinhou o responsável, “todos os pisos e frações, à exceção do rés-do-chão direito onde se deu o incêndio” poderão “ser habitados”.

Questionado sobre o realojamento das famílias que ali viviam, Carlos Lopes Loureiro afirmou que “o alojamento de emergência está garantido pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa”, instituição à qual serão “dadas as conclusões da vistoria”.

Na noite de sábado, um incêndio deflagrou num prédio no bairro lisboeta da Mouraria, provocando dois mortos, de nacionalidade indiana, e 14 feridos, todos já com alta hospitalar. Um dos feridos, de nacionalidade portuguesa, é um homem de 74 anos, residente no edifício contíguo e que apresentava dificuldades respiratórias.

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Segundo Margarida Castro Martins, diretora do Serviço Municipal de Proteção Civil (SMPC), a Polícia Judiciária esteve no local no sábado a examinar o local “para apurar as eventuais causas do incêndio e a existência ou não de indícios de crime”, não tendo ainda sido divulgadas conclusões. De acordo com a responsável, e segundo a informação disponibilizada pelo Regimento Sapadores Bombeiros, a origem do incêndio terá sido na cozinha do rés-do-chão.

Todos os desalojados do incêndio na Mouraria são estrangeiros. Morreram duas pessoas e há 14 feridos

O incêndio no edifício, habitado essencialmente por cidadãos indianos, afetou 25 pessoas, 24 residentes e um não residente, deixando 22 desalojados, além da morte de dois cidadãos indianos, um dos quais um jovem de 14 anos. De acordo com Margarida Castro Martins, “neste momento, foram realojadas 13 pessoas” pela Santa Casa da Misericórdia, numa pensão da cidade, tendo os restantes encontrado solução por modo próprio.

Para esta segunda-feira está também agendado o atendimento destes cidadãos para saber que apoios vão poder ter e as soluções de residência, segundo a responsável. “A Santa Casa assegura o alojamento de emergência, e agora serão atendidas para saber se são elegíveis e para que tipo de apoios”, disse a responsável, adiantando que o Alto Comissariado para as Migrações encontra-se também a acompanhar o processo.

Margarida Castro Martins adiantou não ter sido identificado qualquer problema nos edifícios adjacentes ao prédio onde deflagrou o fogo. De acordo com a última atualização do Serviço Municipal de Proteção Civil (SMPC), até agora apurou-se que viviam no prédio, no bairro da Mouraria, dois cidadãos belgas, dois argentinos, dois portugueses, três bengalis e 15 indianos.

O alerta para o incêndio foi dado às 20h37 de sábado e o fogo foi declarado extinto às 21h15, segundo o Regimento de Sapadores de Bombeiros. O fogo só atingiu o rés-do-chão do prédio, na Rua do Terreirinho. O presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, esteve no local na noite de sábado e garantiu que todos os desalojados seriam apoiados, lamentando as duas mortes.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, falou com Carlos Moedas na mesma noite para se inteirar da situação, lamentando igualmente a perda de vidas. Todas as pessoas internadas em hospitais tiveram alta, durante a noite de sábado e no domingo, e foram assistidas essencialmente por inalação de fumos, disseram as autoridades hospitalares.

Notícia atualizada com a indicação da conclusão da vistoria