O Centro de Acolhimento de Emergência de Campolide, que até outubro recebia sobretudo pessoas fugidas à guerra na Ucrânia, alberga agora perto de uma centena de cidadãos timorenses, informou a autarquia de Lisboa. Segundo informação enviada à Lusa, em 31 de janeiro o espaço acolhia 88 cidadãos timorenses.

Entre outubro de 2022, quando a população ucraniana deixou de solicitar o centro, e 31 de janeiro, “foram encaminhados para acolhimento temporário […] 537 cidadãos de nacionalidade timorense”, indica a Câmara Municipal de Lisboa.

No mesmo período, acrescenta, “449 destas pessoas obtiveram outras soluções de caráter mais permanente” e “já não se encontram naquele espaço”.

A Câmara de Lisboa explica que, “face ao elevado número de recentes imigrantes timorenses na cidade”, reuniu as diversas entidades com responsabilidade no assunto — a Equipa de Projeto do Plano Municipal para Pessoas em Situação de Sem-Abrigo (EPPMPSSA), a Santa Casa de Misericórdia de Lisboa (SCML), o Instituto da Segurança Social (ISS), o Serviço Municipal de Proteção Civil (SMPC) e o Alto Comissariado para as Migrações (ACM)—, para disponibilizar “uma resposta integrada”.

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O aumento de cidadãos estrangeiros entre a população sem-abrigo em Lisboa está a preocupar os agentes no terreno.

Há dias, o Alto Comissariado para as Migrações (ACM) referiu ter atendido cerca de 800 situações em 2022, comparando com os 17 casos atendidos no ano anterior.

“Tem sido um desafio, uma situação que preocupa e muito complicada de gerir”, reconheceu Flávia Tourinho, técnica do ACM, quando, há dias, participou num debate sobre pessoas em situação de sem-abrigo em Lisboa.

Na mesma altura, João Marrana, do gabinete da vereadora de Direitos Humanos e Sociais da Câmara Municipal de Lisboa, reconheceu que “aumentou muito o número de pessoas na rua” e que “o perfil mudou de uma forma muito evidente”, com o número de cidadãos estrangeiros a “ultrapassar em muito” o dos cidadãos nacionais em situação de sem-abrigo.