As comunidades portuguesas da América do Norte criticaram esta segunda-feira o “drástico aumento” dos preços das passagens aéreas praticados pela companhia açoriana SATA, denunciando tratar-se de uma “medida abusiva” e de um “abuso oportunista do monopólio do serviço público”.

Numa nota de repúdio a que a Lusa teve acesso, o Conselho Regional da América do Norte do Conselho das Comunidades Portuguesas (CRAN/CCP) destacou os preços dos bilhetes de avião entre Boston e os Açores, que no pico do verão tiveram um “aumento em 200%”.

“O aumento em 200% das passagens no pico do verão entre Boston e os Açores é profundamente lesivo para os portugueses da América do Norte, sobretudo para os que — na maioria das Comunidades — são originários da Região Autónoma dos Açores, bem como para os lusodescendentes”, diz a nota.

“Numa altura em que tanto se apregoa a necessidade de aproximar Portugal da diáspora, bem como a importância dos portugueses não-residentes da América do Norte manterem os laços de proximidade e cooperação com o país de origem, sobretudo com as Regiões Autónomas de que são maioritariamente originários, a transportadora aérea açoriana tem vindo, drasticamente, a inflacionar os preços“, denunciou a CRAN/CCP.

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O Conselho apresentou então um exemplo concreto dessa subida de preços, indicando que as viagens no período de 12 e 19 de julho subiram de 850 dólares para 2.367 dólares (de 792,4 euros para 2.206 euros), sendo que nos últimos dias foi registado um novo aumento, desta vez para o mês de agosto, com os valores a atingirem os 2.731 dólares (2.546 euros) para as Lajes e 2.725 dólares (2.540 euros) para Ponta Delgada, “por passageiro em tarifa económica”.

“É uma medida desastrosa, tanto para uma companhia de serviço público que ainda recentemente recebeu um subsídio do erário público — dos contribuintes — de muitos milhões de euros, como para os utentes que na ligação entre Boston e Ponta Delgada e Boston e Lajes não têm outra opção de voo”, criticou o Conselho.

Por outro lado, “sendo a SATA uma companhia de serviço público regional, é estranho que o mesmo Governo que estabelece uma acertada política de transporte aéreo equitativo e económico inter-ilhas, permita que passagens a interligar a região com a maior concentração Açor-Americana subam oportunística e escandalosamente, numa clara limitação dos direitos básicos de mobilidade”, aponta ainda a nota.

Para o Conselho, é “penoso ver como o desfasamento entre o dizer e o fazer governamental cava, ainda mais fundo, o fosso entre as Comunidades e a origem”.

O lançamento da nota de repúdio coincide o anuncio feito esta segunda-feira pelo executivo regional, de que a Tarifa Açores, medida que permite viagens aéreas interilhas a 60 euros para os residentes na região, vai vigorar também este ano, com um limite orçamental de 6,5 milhões de euros.

A Tarifa Açores, uma das bandeiras eleitorais do PSD aquando da campanha para as eleições legislativas regionais de 2020, entrou em vigor em 01 de junho de 2021 e fixa em 60 euros o preço máximo das viagens dentro do arquipélago para os residentes açorianos.