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Este é o terceiro dia seguido em que as greves no setor ferroviário têm afetado a circulação de comboios, já que não há serviços mínimos nesta paralisação e a adesão tem sido elevada. Desde a meia noite e até às 10h00 desta sexta-feira, apenas se concretizaram 17 das 435 ligações ferroviárias previstas, ou seja, foram suprimidos 410 comboios, disse à Rádio Observador fonte da CP.

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O cenário tinha sido mais radical até às 6h00: nenhum dos 69 comboios que era suposto estarem a circular desde as 0h00 funcionou devido à greve dos maquinistas, dos revisores, das bilheteiras e chefias, disse à Lusa fonte oficial da CP – Comboios de Portugal.

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É que estes trabalhadores, afetos ao Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante (SFRCI) cumprem esta sexta-feira uma greve de 24 horas. E às 08h00 a adesão estava acima dos 90%, disse à Lusa Luís Bravo, do Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante (SFRCI).

“A adesão à greve está a ser maciça, acima dos 90% em todo o país”, disse Luís Bravo, acrescentando que a paralisação é de 24 horas, mas ainda poderá ter efeitos no sábado.

De acordo com o sindicalista, na origem da greve está o empobrecimento contínuo dos trabalhadores especializados.

“Entre 2010 e 2020 tivemos os salários congelados praticamente todos os anos. No ano passado tivemos um aumento salarial de 0,9% com uma inflação média de 7,8%, sendo que a inflação dos produtos essenciais, aqueles que os trabalhadores com o salário mínimo não podem fugir, se situou perto dos 20% de aumento”, explicou.

Luís Bravo disse que a proposta salarial que a empresa apresentou ronda em média 3,49%, uma proposta muito inferior à inflação, inclusive inferior aquela que foi aplicada aos funcionários públicos.

“Queremos esclarecer a população, que os funcionários ferroviários não são funcionários públicos, são trabalhadores especializados, de laboração continua, trabalham 40 horas semanais e estamos perante uma situação que por via do congelamento e aumento do salário mínimo nacional, temos trabalhadores especializados que nos próximos dois anos vão ter como salário base o salário mínimo nacional. Isto é dramático”, sublinhou.

O sindicalista indicou também que os trabalhadores estão preocupados com as questões relacionadas com a segurança de circulação de comboios.

“Nós convivemos todos os dias com os utentes nos comboios e sentimos a falta de policiamento, especialmente nas áreas urbanas de Lisboa e Porto. Neste momento, a partir das 21h00 é raro ver-se um agente nos comboios e estações. Há um sentimento de insegurança por parte dos utentes e também não para de aumentar o número de agressões a trabalhadores”, disse.

Segundo Luís Bravo, os trabalhadores querem ver esta situação resolvida com urgência, tendo o sindicato já pedido uma reunião ao Ministro da Administração Interna há meses e que ainda não obtiveram resposta.

Além dos revisores, das bilheteiras e chefias diretas, também os trabalhadores com as categorias de Maquinista ou Maquinista Técnico cumprem entre as 0h00 desta sexta-feira e as 24h00 do dia 16 de fevereiro de 2023, uma greve à prestação de trabalho a todos os períodos normais de trabalho diários que tenham a duração prevista superior a 7h30.

Em declarações à Lusa na quinta-feira, António Domingues, do Sindicato Nacional dos Maquinistas dos Caminhos de Ferro Portugueses (SMAQ), explicou que a greve tem vários parâmetros e não foram decretados serviços mínimos.

A CP tem no seu ‘site’, um alerta aos passageiros para perturbações na circulação até dia 21 de fevereiro.

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“Por motivo de greves, convocadas pelos Sindicato Nacional dos Maquinistas dos Caminhos de Ferro Portugueses (SMAQ), Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Setor Ferroviário (SNTSF) e Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante (SFRCI), ocorrerão fortes perturbações na circulação de comboios, a nível nacional, no período entre as oh00 do dia 8 de fevereiro de 2023 e as 24h00 do dia 21 de fevereiro de 2023”.