A Câmara Municipal de Lisboa (CML) garantiu esta terça-feira que não retirou apoio às pessoas que tiveram de deixar o edifício no bairro da Mouraria onde, no dia 04, ocorreu um incêndio, que causou dois mortos e 14 feridos.

A nenhum dos cidadãos foi retirado qualquer apoio”, respondeu a autarquia, por escrito, após ter sido questionada sobre as acusações da vereação do Bloco de Esquerda, que, na sexta-feira, mostrou aos jornalistas um ’email’ em que uma escola alega que as famílias estariam “a ser forçadas a sair do sítio de emergência” para onde foram levadas, ’email’ esse que foi posto a circular nas redes sociais.

Em resposta escrita enviada esta terça-feira à Lusa, a autarquia explica que se mantêm “sob acolhimento” da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) dois agregados familiares, de três elementos cada, e quatro pessoas sozinhas.

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Um terceiro agregado familiar, de três pessoas, “autonomizou-se”, por meios e iniciativa próprios, refere a CML, confirmando a indicação dada à Lusa por fonte da Santa Casa da Misericórdia, na segunda-feira.

Paralelamente, a autarquia assegura que foram encontradas soluções “mais estáveis” para os dois agregados familiares “que não se autonomizaram”, reconhecendo que “o alojamento em pensão não era adequado”.

Esta resposta contrasta com o que disse à Lusa a fonte da Santa Casa, segundo a qual um dos agregados familiares mudou de pensão e outro permanece num quarto subarrendado. De acordo com a mesma fonte, ainda não se conhecem soluções habitacionais definitivas para as duas famílias.

Segundo fonte da Santa Casa, as quatro pessoas isoladas que solicitaram alojamento também já se mudaram para outra pensão.

Assegurando que está a acompanhar o caso de perto e que garante “toda a colaboração solicitada pela SCML”, a Câmara Municipal de Lisboa refere que as 13 vítimas do incêndio que solicitaram apoio para alojamento foram acolhidas, no dia do incêndio, “em unidade hoteleira providenciada pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, que igualmente tem assegurado os apoios necessários, designadamente com alojamento, alimentação, vestuário, ativação de serviços de saúde e medicação, bem como apoio psicológico”.

A autarquia lisboeta realça que, “concluídos que estão os atendimentos de avaliação diagnóstica e acompanhamento em contexto de emergência, a prioridade está no apoio psicossocial que permita posteriormente criar condições para trabalhar um plano de intervenção orientado para a integração profissional”, plano esse que “conta com o envolvimento do Alto Comissariado para as Migrações“.

O incêndio que deflagrou num prédio na Rua do Terreirinho, na Mouraria, na noite de 04 de fevereiro, causou a morte a dois cidadãos indianos, um dos quais um jovem de 14 anos, e um total de 14 feridos, todos já com alta hospitalar.

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Dois dias depois, o Serviço Municipal de Proteção Civil realizou uma vistoria para avaliação do estado de conservação do edifício, tendo concluído que a parte estrutural do prédio não foi afetada, mas que o mesmo não reúne condições de habitabilidade.

As causas do incêndio ainda não são conhecidas, estando a ser investigadas pela Polícia Judiciária, tendo a autarquia lisboeta comunicado que a fração onde deflagrou o fogo não estava registada como estabelecimento de alojamento local, mas como arrendamento habitacional.