O regresso de “Portugal Amordaçado”, de Mário Soares, retrato do país sob 40 anos de ditadura, esgotado há muito, e “Teatro Completo” de Natália Correia, nos cem anos da escritora, destacam-se no plano editorial da Imprensa Nacional apresentado esta quarta-feira.

A “edição crítica, amplamente anotada”, de “Os Lusíadas”, de Luís Vaz de Camões, no âmbito das comemorações do quinto centenário do nascimento do poeta, é outro destaque para o ano em curso, numa edição “que será preparada por uma equipa de especialistas luso-brasileiros, coordenada” pelo professor universitário José Carlos Seabra Pereira, de acordo com o plano de edição da Imprensa Nacional (IN).

A IN regista igualmente o lançamento de novas coleções, facto que considera “importante para o aumento da diversidade da oferta da editora pública”. Iniciará assim publicações em áreas como a joalharia, com a “Coleção J”, as marcas históricas portuguesas, com a “Coleção M”, ainda “Ler Dança”, dedicada à história da dança, e “Arte Nossa”, uma coleção para jovens, com os títulos inaugurais “Navegar nas Águas de Almada Negreiros-Gare Marítima de Alcântara”, com texto de Isabel Zambujal e ilustração de Amargoo; e “Josefa de Óbidos-Arte e Vida das Naturezas Mortas”, com texto de Margarida Fonseca Santos e Isabel Peixeiro e ilustração de Paulo Monteiro.

Os 50 anos da Revolução dos Cravos, que se comemoram em 2024, também abrirão as portas aos “Ensaios de Abril!, a lançar já este ano.

No domínio do ensaio, a IN publicará, na coleção “Olhares”, “A Descoberta do Japão”, de Xavier de Castro, com tradução de Sandra Monteiro, “Império do Medo. Escravatura, Tráfico Negreiro e Racismo”, sob direção de Isabel do Carmo, “Escritos Ucranianos”, de Jorge Carlos Fonseca, “Uma Carta à Posteridade-Jorge de Sena e Alexandre O’Neill”, de Joana Meirim – obra que venceu, no ano passado, o Prémio IN/Vasco Graça Moura -, e “Um Rádio para Ouvir Londres — Ensaio sobre o Não-Direito do Estado de Guerra do III Reich”, de Jaime Freire, distinguido com a Menção Honrosa do mesmo Prémio.

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Na coleção “Plural”, dedicada à poesia, serão publicadas as “Poesias Reunidas”, do brasileiro Oswald de Andrade (1890-1954), nome de referência do Modernismo brasileiro, “Como Um Segredo na Boca do Universo. Obra Completa-Mente Inacabada”, do cabo-verdiano José Luiz Tavares, “Da Poesia”, da brasileira Hilda Hist (1930-2004), “Não Desfazendo”, de Rita Taborda Duarte, vencedora, em 2003, do Prémio Expresso/Gulbenkian Branquinho da Fonseca, e “Todo o Alba”, do moçambicano Sebastião Alba (1940-2000).

No âmbito das edições críticas, será publicado “Lírica, de João Mínimo”, de Almeida Garrett, “Carlota Ângela e Aventuras de Basílio Fernandes”, de Camilo Castelo Branco, e “Lendas de Santos”, de Eça de Queirós.

As “Obras Completas” de autores nacionais, “cujos títulos são difíceis de encontrar ou estão mesmo indisponíveis no mercado”, a IN vai publicar “Biografias Femininas”, “que incluirá os textos ‘Mulheres Escritoras. Retratos com Sombras’. Textos publicados na imprensa e textos inéditos”, de Maria Ondina Braga, “Correspondência. Dispersos”, de Manuel Teixeira-Gomes, “Comédia Burguesa”, de Francisco Teixeira de Queiroz, e “O Corsário das Ilhas”, “Retrato do Semeador” e “Poesia (1963-1976)”, de Vitorino Nemésio.

O Teatro Completo de Natália Correia, que surge no ano do centenário da autora de “Mátria” e “O Encoberto”, é uma edição do investigador e dramaturgo Armando Nascimento Rosa, e será incluído na coleção “Biblioteca de Autores Portugueses”.

Na área da fotografia, a editora deverá publicar este ano os trabalhos de José Luís Neto, com texto de Jorge Calado, e de Rita Barros, com texto de Susana Lourenço Marques, títulos a sair na “Série Ph”, dirigida por Cláudio Garrudo.

Na coleção “Grandes Vidas Portuguesas”, destinada aos jovens, será editada a biografia da Agustina Bessa-Luís (1922-2019), de Inês Fonseca Santos, com ilustração de João Fazenda, e, para o público infantojuvenil, “Azulejos, Uma História aos Quadradinhos”, de António Araújo, com ilustração de Filipe Abranches.

Nos “Estudos de Religião” sairá o título “Secularização: Genealogias, Modelos e Debates”, de Jorge Botelho Moniz.

Na coleção de bolso “O Essencial sobre”, serão publicados títulos dedicados aos escritores Philip Roth, por Mário Avelar, Barbosa du Bocage, por Daniel Pires, José Saramago, por Carlos Reis e Sara Grünhagen, e Agustina Bessa-Luís, por José Carlos Seabra Pereira.

“O Essencial” dedicará ainda um título às criadoras das “Novas Cartas Portuguesas”, as escritoras Maria Teresa Horta, Maria Velho Costa e Maria Isabel Barreno, as “Três Marias”, da autoria de Joana Meirim.

No âmbito das parcerias e cooperação da IN serão publicados os títulos “Arte em São Bento”, com a Presidência do Conselho de Ministros, o catálogo das exposições da Coleção de Arte Contemporânea do Estado (CACE) e do “Museu do Tesouro Real — Palácio Nacional da Ajuda”, com o Museu do Tesouro Real.

A lista destas publicações inclui ainda “Mesa Real. O Quotidiano no Palácio da Ajuda (1861-1910)”, “Vamos ao Lyrico”, com o Organismo de Produção Artística (OPArt), “Santuários Marianos”, com a Fundação da Jornada Mundial da Juventude, e “Longitude. Sobre a Medição do Tempo e do Espaço no Tempo de Magalhães”, de Henrique Leitão e José Maria Moreira Madrid, com a Estrutura de Missão para as Comemorações do V Centenário da Circum-Navegação.

A estes juntam-se “Artes e Educação em Portugal. Antologia”, com o Plano Nacional das Artes, “Estudos sobre Lisboa-José Sarmento de Matos”, de Margarida Magalhães Ramalho, e “Estudos sobre Lisboa-Júlio de Castilho”, de Raquel Seixas e Tiago Lourenço, com a Câmara Municipal de Lisboa e o Instituto de História de Arte/NOVA-FCSH. Com a Associação Manicómio é inaugurada a coleção “Alta para Ensaio”, com um título dedicado ao trabalho de Anabela Soares.

“50 Anos dos Encontros da Ala Liberal — Julho de 1973”, de António Araújo, deverá ser publicado em parceria com a Comissão Comemorativa dos 50 anos do 25 de Abril.