Erros? “É preciso ver toda a perspetiva”. Adán disse na antevisão ao jogo com o Midtjylland para o playoff da Liga Europa em que o Sporting empatou a um o que podia ter dito no final do encontro. No entanto, quando as fases da cadeia de produção não estão em sintonia, um erro é só a demonstração de tudo o que se passa de errado.

A linha de montagem em série fabrica em catadupa o produto do negócio industrial. Aos trabalhadores responsáveis pela execução é exigido um gesto, outro gesto e ainda outro igual aos anteriores e semelhante aos seguintes. No final do dia, contas feitas ao que se produziu, fica registada a quantidade, mas o resultado do processo é deturpado pelos erros que os operários possam ter cometido e que, em acumulada falta de consciência motivada por um comportamento maquinal, se notem no que se fez.

Em Alvalade, produz-se em grande volume, diz-se no Sporting, mas os resultados líquidos recentes refletem um desempenho muito pouco sólido. “Continuamos a jogar bem, mas falta-nos essa consistência no ataque e na defesa”, admitiu antes do jogo o guarda-redes leonino, Antonio Adán, que acrescentou “estamos no caminho certo, estamos a fazer as coisas bem apesar dos resultados”, mesmo que não pareça. Nada como pedir ao controlo de qualidade uma peritagem que faça uma avaliação ao conteúdo produzido em que, regra geral, os leões têm chumbado. São os tempos modernos à Sporting em Rúben Amorim perdeu algum controlo sobre a maquinaria que comanda. e.

O Sporting habituou-se a sofrer nas noites europeias já que terminou a última jornada da Liga dos Campeões a pensar que tinha caído das competições externas, após perder por 2-1 em casa com o Eintracht Frankfurt. No outro jogo do grupo D da liga milionária, o Tottenham, no tempo de descontos, bateu o Marselha, garantido que o Sporting ficava em terceiro lugar e poderia ainda jogar a Liga Europa. O Midtjylland, que já estava na segunda prova mais importante da UEFA, ficou em segundo lugar num grupo onde todas as equipas terminaram com oito pontos e em que a Lázio foi eliminada. O sorteio ditou que os dinamarqueses fossem o adversário dos leões.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Da primeira vez que o Midtjylland veio a Portugal esta época, para jogar com o Benfica a 3.ª pré-eliminatória da Liga dos Campeões, a vantagem que os dinamarqueses traziam — que não adiantou de nada — era a de terem ritmo competitivo face a uma equipa encarnada que jogava o primeiro jogo oficial da temporada. Desta vez, de regresso a Lisboa, os nórdicos chegavam com a desvantagem de não realizarem jogos oficiais desde novembro do ano passado devido à paragem de inverno do campeonato da Dinamarca.

Ficha de Jogo

Mostrar Esconder

Sporting-Midtjylland, 1-1

Playoff da Liga Europa

Estádio José Alvalade, em Lisboa

Árbitro: François Letexier (França)

Sporting: Adán, Esgaio (Bellerín, 65′), St. Juste, Coates, Matheus Reis (Gonçalo Inácio , 81′), Nuno Santos, Ugarte (Tanlongo, 86′), Pedro Gonçalves, Edwards, Arthur Gomes (Trincão, 65′) e Paulinho (Chermiti, 81′)

Suplentes não utilizados: Franco Israel, Jovane Cabral, Diomande, Fatawu, Mateus Fernandes, Neto e Rochinha

Treinador: Rúben Amorim

Midtjylland: Lossl, Andersson, Dalsgaard, Gartenmann, Paulinho (Bak, 67′), Martínez (Ashour 67′), Gigovic, Olsson, Isaksen (Simsir, 86′), Andreasen (Chilufya, 45′) e Heiselberg (Sorense, 60′)

Suplentes não utilizados: Olafsson, Ugboh, Charles, Fraulo, Juninho, Texel e Thychosen

Treinador: Albert Capellas

Golos: Ashour (77′) e Coates (90+4′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Martínez (63′), Isaksen (83′), Gigovic (86′), Coates (87′) e Tanlongo (90+3′)

Também o Sporting não se pode dizer que esteja na forma ideal. O rescaldo da derrota no clássico contra o FC Porto levou Rúben Amorim a deixar cair Chermiti, Fatawu e Bellerín do onze inicial. A fórmula do Sporting teve Ricardo Esgaio à direita, Paulinho na frente e Arthur como extremo. Ainda assim, não houve maneira de conseguir quebrar o enguiço do 0-0 ao intervalo.

Pedro Gonçalves teve as melhores oportunidades dos leões na primeira parte, mas nenhuma das finalizações saiu enquadrada. Aliás, ninguém conseguiu acertar no alvo na primeira parte e até foram os dinamarqueses quem, no início da segunda, o conseguiram fazer. Continuou, mesmo assim, a ser um jogo carente em oportunidades.

Arthur marcou, mas um fora de jogo de Paulinho anulou o lance. Estava visto que só um erro podia desbloquear o marcador. Adán tentava sair a jogar a partir da sua baliza e colocou uma bola no corredor central. Ashour (77′) intercetou e usou um toque para dominar e o outro para fuzilar a baliza sem vigia do guarda-redes espanhol que estava deslocado.

O Sporting foi atrás do prejuízo e só já para lá da hora conseguiu minimizar os estragos. Coates (90+4′) fez de avançado, como habitual nos momentos de maior aperto, e empatou o jogo com um golo em que levou à frente tudo o que se interpôs entre o uruguaio e a baliza.

Antes do jogo, Rúben Amorim comentou um eventual favoritismo do Sporting a vencer a Liga Europa.”Não vejo as coisas assim. Há clubes muito fortes. Os portugueses nunca são os principais favoritos. Queremos ganhar o próximo jogo. Se no campeonato é pensar no próximo jogo, imaginem na Europa…”. Pelas dificuldades que viveu, talvez tenha razão.