Liberdade, liberdade, liberdade. Foi essa a palavra de ordem que marcou o discurso de Joe Biden em Varsóvia, Polónia, horas depois de Vladimir Putin ter falado à nação para acusar o Ocidente de estar a atacar a Rússia. “Não há palavra mais doce do que liberdade”, disse o Presidente dos Estados Unidos, que discursou imediatamente depois das declarações prestados pelo homólogo polaco, Andrzej Duda: “Não há aspiração maior do que a liberdade. Os americanos sabem-no e vocês também. Continuem connosco e nós continuaremos convosco”.

Depois de anunciar que os Estados Unidos e os aliados vão impor novas sanções à Rússia na próxima semana, Joe Biden voltou a falar de liberdade: “A defesa da liberdade é sempre difícil, mas é sempre importante. A Ucrânia vai continuar a defender-se. A Ucrânia ainda está a lutar. E os Estados Unidos com os aliados vão continuar a apoiar a Ucrânia nessa defesa.”

“Tudo o que fazemos agora deve ser feito para que os nossos filhos e netos também conheçam a liberdade”, apelou o Presidente norte-americano: “A liberdade, inimiga do tirano e a esperança de todos os tempos”, prosseguindo: “Vamos seguir em frente com fé e convicção e um compromisso obrigatório de sermos aliados.”

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Joe Biden: apoio à Ucrânia “não vai vacilar, não vai dividir-nos”

Depois de referir o encontro nos Estados Unidos no próximo ano para celebrar a criação da NATO, Joe Biden garantiu que a aliança dos países em apoio à Ucrânia é “firme como uma rocha”: “Todos os membros da NATO sabem-no, a Rússia sabe. Um ataque contra um é um ataque contra todos. É uma promessa sagrada”.

O chefe de Estado norte-americano sublinhou que “todas as democracias estão a ser testadas”: “Há um ano, questionavam-nos: iríamos responder ou olhar para o lado? Iríamos ser fortes ou fracos? Iríamos permanecer unidos? Um ano depois, sabemos a resposta: respondemos, fomos fortes e ficámos unidos. Não olhámos para o outro lado.”

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Joe Biden disse que, em fevereiro de 2022, “o mundo estava a preparar-se para a queda de Kiev”. Afinal, um ano depois, ela mantém-se “alta, orgulhosa e, mais importante, livre”. E assim continuará se a solidariedade pela Ucrânia se mantiver, acredita: “Quando o Presidente Putin ordenou que os seus tanques entrassem na Ucrânia, julgou que ia conseguir uma vitória fácil. Estava errado. A democracia foi demasiado forte.”

Joe Biden falou sobre os esforços para reduzir a dependência em relação aos combustíveis fósseis russos e elogiou Volodymyr Zelensky, dizendo que Vladimir Putin encontrou na Ucrânia um país liderado por “um homem corajoso”. Repetiu também a mensagem de solidariedade que Duda tinha deixado momentos antes: “Quem fica ao nosso lado faz toda a diferença. É o que a solidariedade significa. Tenho orgulho de permanecer convosco”.

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“Há um ano nesta guerra, Putin já não duvida do poder da nossa união. Mas ainda duvida das nossas convicções, do nosso apoio à Ucrânia. Mas não deve ter dúvidas: [o apoio] não vai vacilar, não vai dividir-nos“, assegurou. “O desejo do Presidente Putin por territórios e poder vai falhar e o amor das pessoas da Ucrânia pela sua terra vai prevalecer”, continuou Biden, reiterando que é a “liberdade” que “está aqui em causa”.

Foi essa mensagem que levei a Kiev, diretamente às pessoas da Ucrânia. Devemos lutar contra os autocratas. A única palavra que eles devem ouvir é ‘não’. Não, não vão ficar com o meu país. Não, não vão ficar com o meu futuro. Um ditador nunca vai conseguir matar o desejo pela liberdade. A Ucrânia nunca será vítima da Rússia, porque as pessoas se recusam a viver num mundo de escuridão”, disse Biden.

Lembrando que o ano que passou foi “terrível”, o Presidente norte-americano falou sobre os crimes cometidos pela Rússia “contra a humanidade sem vergonha”. “Atingiram civis. Usaram a violação como arma de guerra. Roubaram crianças ucranianas numa tentativa de roubar o futuro da Ucrânia. Ninguém pode virar os olhos às atrocidades que a Rússia cometeu contra o povo da Ucrânia“, defendeu Biden. “O que é também extraordinário é a resposta dos ucranianos e do mundo. A Ucrânia ainda é independente e livre.”

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Durante o discurso, o Presidente norte-americano falou diretamente para o povo russo: “Os Estados Unidos e a Europa não querem controlar a Rússia. Não queremos atacar a Rússia. Os milhões de cidadãos russos que querem viver em paz não são um inimigo. Esta guerra não é uma necessidade, é uma tragédia”. Joe Biden disse que “cada dia de guerra é uma escolha” de Putin: “Pode acabar com a guerra com uma palavra, é simples. Mas a Ucrânia parar de se defender seria o fim da Ucrânia.”

Depois, deixou um desafio ao povo polaco que assistia ao discurso em Varsóvia: “Tirem um momento. A sério, olhem uns para os outros. Olhem para o que fizeram até agora. A Polónia tem milhões de ucranianos, Deus vos abençoe. A vossa solidariedade é extraordinária.” Referindo-se aos refugiados ucranianos, o líder norte-americano confessou ainda que nunca será capaz de esquecer a visita que fez o ano passado, quando “os refugiados chegaram a Varsóvia”.

O Presidente prestou também homenagem aos soldados ucranianos que morreram a lutar contra a Rússia nos últimos anos. E destacou os professores e outros profissionais que continuam a trabalhar apesar da guerra.

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Andrzej Duda, Presidente da Polónia, discursou minutos antes de Joe Biden tomar o púlpito: “Hoje estamos a olhar para cidades queimadas, estamos a ouvir notícias horríveis sobre o terror russo, pessoas mortas, edifícios demolidos. Hoje há uma realidade horrível nos nossos vizinhos porque a Rússia tem a ambição de escravizar outras nações. Não há desculpa para isto”, descreveu.

O chefe de Estado polaco elogiou Joe Biden, que descreveu como “o líder do mundo livre”, pela visita à Ucrânia: “Teve um gesto espetacular ao ir a Kiev”, prosseguiu: “Mostrou que o mundo livre não tem medo de nada, mostrando que a Ucrânia não está sozinha. Este é um apoio forte que não desaparecerá. É um sinal grande de que estamos todos juntos com a Ucrânia”.

Duda insistiu:

A Ucrânia tem de ganhar. Por isso é que apoiamos a Ucrânia. Agradecemos à NATO e às Nações Unidas. E também aos Estados Unidos e aos nossos aliados por garantirem que não passa pela cabeça de ninguém atacar a nossa terra”, continuou o chefe de Estado: “A Rússia vai ter de sair da terra ucraniana com vergonha.”

O Presidente da Polónia mencionou o Papa João Paulo II para sublinhar uma mensagem de “solidariedade” pela Ucrânia — uma ideia que Joe Biden recuperaria instantes depois no seu discurso: “Não há liberdade sem solidariedade”. “[Os ucranianos] estão-nos gratos, dois milhões de ucranianos ainda vivem aqui. Esta é a solidariedade do mundo para com a Ucrânia”, acrescenta.

“Peço todos os líderes para manterem a solidariedade da Ucrânia, para apoiarem sempre a Ucrânia. Já não há lugar para a normalidade com a Rússia“, defendeu Andrzej Duda, repetindo os agradecimentos aos Estados Unidos pelo apoio à Ucrânia.