Existem alguns hiperdesportivos eléctricos no mercado que oferecem cerca de 2000 cv, mas todos eles armazenam a energia de que necessitam num pack de baterias de grandes dimensões, o que os torna pesados e caros, com preços na ordem dos 2 milhões de euros. Um novo concorrente que promete chegar ao mercado em breve, o Hyperion, também é eléctrico mas, em vez de recarregar energia da rede e armazená-la num acumulador, produz a bordo a electricidade de que necessita, através de células de combustível a hidrogénio.

Concebido por uma startup californiana, vizinha da Tesla, o XP-1 é o primeiro modelo da Hyperion Motors, sendo um veículo impressionante a vários níveis, a começar pelo design. A Hyperion desenhou o seu coupé de dois lugares visando explorar as vantagens das fuel cells a hidrogénio face às baterias, reduzindo o peso do veículo ao mínimo. Recorrendo a um chassi monobloco em fibra de carbono reforçada com titânio, a Hyperion Motors anuncia um peso total de 1248 kg para o XP-1, o que é notável quando comparado com o Rimac Nevera e o Pininfarina Battista, ambos com um pouco mais de 1900 cv, mas com 2150 kg e 2063 kg, respectivamente.

Recordista no ¼ de milha é meio-irmão do Rimac Nevera

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Além de leve, o XP-1 exibe um habitáculo integralmente concebido em vidro, com o condutor e respectivo acompanhante a ocuparem o centro de uma campânula transparente, que deverá ter a capacidade de escurecer a pedido, para proteger o interior e quem vai a bordo do excesso de luz e dos UV. Atrás do habitáculo surgem uns elementos embelezadores da carroçaria que fazem lembrar o Chiron, que são móveis e activos. Se o construtor vai recorrer a asas para incrementar o apoio aerodinâmico, não se sabe e elas tão pouco estão visíveis. Contudo, colocar no alfalto dois milhares de cavalos sem asas ou extractores muito eficientes, para mais num modelo extremamente leve – com o peso de um Peugeot 208 –, parece tão improvável quanto pouco aconselhável.

Fuel cell e supercapacitadores “dão” 800 kg à bateria

O Hyperion XP-1 monta quatro motores, um por roda mas em posição central, que juntos fornecem 2038 cv, sendo a transmissão da potência assegurada através de uma “caixa” com três velocidades, não tendo o fabricante anunciado se apenas ao eixo posterior ou se a cada uma das unidades motrizes. A energia necessária é produzida a bordo através de uma fuel cell a hidrogénio, com o excedente da electricidade gerada a ser armazenado em supercapacitadores, menos eficientes do que as baterias, mas melhores a armazenar e a fornecer grandes quantidades de energia mais rapidamente e com menos perdas por aquecimento.

412 km/h. Rimac é o eléctrico de série mais veloz do mundo

O XP-1 anuncia uma velocidade máxima de 221 milhas por hora, cerca de 356 km/h, além da capacidade de ir de 0-96 km/h em 2,25 segundos, o que deverá colocar os 0-100 km/h algures entre 2,3 e 2,4 segundos. Isto fica um pouco aquém do Nevera (412 km/h e 2,0 segundos), do Battista (358 km/h e 1,86 segundos) e até do Model S Plaid (322 km/h e 2,0 segundos), que se assume como uma berlina rápida e não um hiperdesportivo.

Contudo, a vantagem do XP-1 será sobretudo ao nível da autonomia e rapidez na recarga. O fabricante anuncia 1635 km entre reabastecimentos de hidrogénio, com o construtor a alegar uma proximidade à NASA porque também esta utilizou fuel cells nas suas naves espaciais, a começar pelo Space Shuttle. Mas estes reabastecimentos acontecem durante um máximo de cinco minutos, um intervalo de tempo muito inferior ao que é necessário para recarregar as baterias, que fazem o pleno apenas a partir de 20 minutos a meia hora, dependendo da potência de carregamento disponível. O XP-1 promete ser proposto um valor entre 2 e 3 milhões de dólares antes de impostos, ligeiramente menos se pensarmos em euros.

A Supercar Blondie já teve acesso ao XP-1 e produziu este interessante vídeo: