A Plataforma P’la Reposição das Scut A23 e A25 decidiu esta segunda-feira reagendar para o dia 20 de maio uma manifestação em Lisboa e apelou à participação da população, acusando o Governo de só oferecer “migalhas”.

“Quanto às populações o que queremos dizer, claramente, é que a solução está nas suas mãos. Ou lutam e podem ter resultados, ou não lutam e terão as migalhas que o Governo lhes quiser dar. Sim, porque o que o Governo nos propõe são absolutamente migalhas“, afirmou Luís Garra, porta-voz desta estrutura que agrega várias entidades de luta contra as portagens naquelas antigas Scuts [vias sem custo para o utilizador].

Luís Garra falava aos jornalistas após o conselho geral da Plataforma que foi realizado para analisar os resultados da reunião realizada sexta-feira com o ministro das Infraestruturas, a qual levou mesmo a suspender a “Embaixada da Beira Interior a Lisboa”, que esteve inicialmente marcada para dia 25 de fevereiro.

Todavia, afirmou esta segunda-feira Luís Garra, a reunião realizada na sexta-feira “defraudou todas as expectativas” e o Governo não se comprometeu com a abolição das portagens, “nem sequer até ao fim da legislatura”.

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Segundo Luís Garra, o ministro das Infraestruturas, João Galamba, apenas mostrou disponibilidade para propor ao grupo de trabalho intergovernamental uma atualização em 20% do desconto aplicado em 2021, na sequência de uma resolução da Assembleia da República.

A deliberação de então previa a aplicação de um desconto de 50%, mas a Plataforma sempre disse que o desconto ficou nos 30%, sendo que agora, segundo essa estrutura, o Governo estaria disponível para corrigir a situação, aplicando os 20% em falta, mas ficando muito longe da abolição.

“O que o Governo fez foi criar um número mediático”, apontou Luís Garra, referindo-se às declarações que os governantes têm feito sobre a matéria e reiterando que o fim dos pagamentos é “urgente” e “necessário”.

Por outro lado, também revelou que o Governo pediu àquela entidade contributos relativamente à mobilidade no interior, mas para as sugestões apresentadas receberam respostas como “vamos ver”, “vamos estudar” e “depende”.

Neste quadro, a Plataforma decidiu esta segunda-feira reagendar para 20 de maio a ação em Lisboa e avisa já que, apesar de não fechar a porta ao diálogo, desta vez, não aceitará reuniões com o Governo que não sejam agendadas, pelo menos, até dez dias antes da manifestação e com conhecimento prévio da solução apontada pelo Governo.

Além disso, nos meses de março e abril vão ser realizadas sessões públicas de esclarecimento e debate em vários concelhos da Beira Interior, cujo calendário será divulgado oportunamente.

De 1 a 13 de maio também serão realizadas ações diversificadas em várias localidades e garantidamente na Covilhã, Fundão, Castelo Branco, Guarda e Seia.

A Plataforma P’la Reposição das Scut nas autoestradas A23 e A25 integra sete entidades dos distritos de Castelo Branco e da Guarda — a Associação Empresarial da Beira Baixa, a União de Sindicatos de Castelo Branco, a Comissão de Utentes Contra as Portagens na A23, o Movimento de Empresários pela Subsistência pelo Interior, a Associação Empresarial da Região da Guarda, a Comissão de Utentes da A25 e a União de Sindicatos da Guarda.

Além destas, há várias outras entidades que estão representadas no conselho geral, que é um órgão consultivo.

A A23, também identificada por Autoestrada da Beira Interior, liga Guarda a Torres Novas (A1).

A A25 (Autoestrada Beiras Litoral e Alta) assegura a ligação entre Aveiro e a fronteira de Vilar Formoso.