As autoridades italianas identificaram 56 das 68 vítimas mortais do naufrágio ocorrido no passado domingo ao largo da costa de Crotone, Calábria (sul de Itália), cujos corpos foram recuperados, mas há receio de existirem mais.

O Centro de Coordenação de Resgate reuniu-se esta sexta-feira para atualizar a situação, cinco dias após a tragédia, e anunciou que “as buscas continuarão durante todo o fim de semana”.

O trabalho de buscas está a ser realizado com unidades aéreas, navais e de mergulho, envolvendo diversas agências e pessoal de proteção civil.

Os trâmites para o repatriamento de alguns dos corpos vão começar em breve, com a apresentação dos pedidos pelos familiares das vítimas na Câmara Municipal da cidade vizinha de Cutro.

O Presidente italiano, Sergio Mattarella, deslocou-se na quinta-feira a Crotone para prestar homenagem aos migrantes mortos no mar e reunir-se com os familiares, tendo sido o único alto funcionário do Estado que compareceu na capela fúnebre.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Depois de visitar o centro desportivo local, onde foram instalados os caixões, Mattarella manteve uma reunião privada com os familiares das vítimas, que lhe pediram para os ajudar a agilizar o repatriamento dos corpos para os seus países de origem.

As famílias das vítimas solicitaram ainda apoio financeiro para esse repatriamento, bem como a transferência dos sobreviventes do centro de acolhimento onde se encontram para um local mais adequado.

O naufrágio, investigado pelo Ministério Público, ocorreu na madrugada de domingo passado, quando uma barcaça de madeira em que cerca de 180 migrantes partiram da Turquia se afundou na costa da Calábria.

Naufrágio fatal em Itália vai ser investigado pelo Ministério Público. Número de mortos pode chegar a uma centena

Até agora, 68 corpos foram recuperados, incluindo afegãos, iranianos, paquistaneses e sírios. Houve ainda 80 pessoas que conseguiram sobreviver, enquanto os desaparecidos continuam a ser procurados.

As diferentes versões da agência europeia Frontex e das forças de segurança italianas levantaram dúvidas sobre se a tragédia poderia ter sido evitada e a nova líder do Partido Democrático, Elly Schlein, na oposição, pediu a demissão do ministro do Interior, Matteo Piantedosi, figura próxima do líder de extrema-direita, Matteo Salvini, vice-presidente do Governo.

Um dos pontos mais criticados é a decisão de não considerar a situação, desde os primeiros momentos, como uma operação de socorro, razão pela qual inicialmente apenas um pequeno dispositivo foi acionado com a intenção de entrar em contacto com o navio, passando-se várias horas sem que o barco fosse socorrido.