Um tribunal da Bielorrússia condenou esta segunda-feira à revelia a líder exilada da oposição bielorrussa, Svetlana Tikhanovskaia, a 15 anos de prisão, após um julgamento em que foi acusada de conspiração para derrubar o governo por vias anticonstitucionais.

Tikhanovskaia, que já garantiu nesta segunda-feira que irá continuar a lutar pela democracia no país, deixou a Bielorrússia em agosto de 2020, logo após o Presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, garantir um sexto mandato na chefia do Estado numa votação que desencadeou os maiores protestos da história do país e que a líder da oposição reivindica ter vencido.

Lukashenko desencadeou então uma repressão sobre os manifestantes, acusando a oposição de conspirar para derrubar o governo, o que levou à detenção de um grande número de políticos e ativistas locais, tendo alguns, pressionados, fugido para o exílio.

Além de Tikhanovskaia, quatro outras figuras da oposição foram também julgadas à revelia na capital bielorrussa, Minsk, acusados de terem criado e liderado um grupo extremista de incitação ao ódio e de terem provocado danos à segurança nacional.

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Todos os réus, uns exilados na Polónia outros na Lituânia, foram condenados à revelia.

Outro político da oposição, Pavel Latushka, foi sentenciado a 18 anos de prisão, enquanto Maryya Maroz, Volha Kavalkova e Siarhei Dylevski receberam uma pena de 12 anos de cadeia.

Os cinco opositores ao regime ditatorial de Lukashenko abandonaram a Bielorrússia após os protestos que eclodiram em agosto de 2020, cuja repressão levou à detenção de mais de 35.000 opositores e ao espancamento e tortura de mulheres de ativistas e dirigentes políticos da oposição.

Esta segunda-feira, na conta pessoal na rede social Twitter, Tikhanovskaia prometeu que vai continuar com a luta e com as atividades políticas e considerou que o julgamento foi uma “farsa”.

“Hoje não estou a pensar na minha própria sentença. Estou a pensar em milhares de inocentes, detidos e condenados a penas reais de prisão. Não vou parar até que cada um deles seja libertado”, escreveu a líder da oposição bielorrussa no Twitter.

No total, segundo dados da organização de defesa e promoção dos Direitos Humanos Vesná, que, como movimento, organizou os protestos pós-eleitorais, existem 1.438 presos políticos na Bielorrússia, entre “influencers”, empresários, ativistas, manifestantes e candidatos presidenciais, incluindo Sergei Tikhanovski, marido de Tikhanovskaia.

Em dezembro passado, Lukashenko, com base numa lei da amnistia, comutou ou reduziu as sentenças a 4.500 prisioneiros, embora nenhuma tenha beneficiados que foram presos pelos protestos contra fraude eleitoral.