O presidente da Associação do Alojamento Local dos Açores disse esta quinta-feira que o setor está em crescimento, mas “em contra corrente” com o que acontece no continente, que considera estar a ser atacado por novas medidas do Governo central.

Em declarações à agência Lusa a propósito do 1º Encontro de Alojamento Local (AL) nos Açores, João Pinheiro começou por explicar que muitas das medidas que constam do programa “Mais Habitação” não afetam diretamente a região por esta ter a sua própria legislação.

Vê-se claramente que é um ataque ao setor do Alojamento Local. Nós cá temos a nossa legislação própria e estamos protegidos da maioria das medidas que estão a ser projetadas a nível nacional, nomeadamente a não poder haver mais registos e, mesmo a partir de 2030, o cancelamento destas”, explicou.

De acordo com o responsável, só a questão relativa aos impostos e à parte fiscal é que se enquadra igualmente no AL açoriano.

João Pinheiro salientou que o AL tem “55% das camas dos Açores”, acrescentando igualmente que, no ano passado, foi batido o recorde de dormidas no setor, com “um milhão de dormidas”.

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Somos parte do pilar do turismo da economia açoriana e as previsões são boas para este ano, mantemos a previsão positiva que vem do ano passado”, sublinhou.

Apesar de reconhecer o crescimento do setor, João Pinheiro salientou que o mesmo “já não é tão exponencial como nos últimos anos”, mas sim “mais pausado, virado para a qualidade e para a personalização”.

Para o responsável, o seminário que irá decorrer até sábado na ilha de São Jorge será “um momento de reflexão” com os proprietários do AL, com “momentos de união”, lembrando o facto de o arquipélago ser composto por nove ilhas e todos sentirem “a insalubridade”.

Estatisticamente, a ilha de São Miguel é aquela, segundo João Pinheiro, que tem mais AL, totalizando “quase 60% dos Açores”, com o responsável a antever um “crescimento enorme na ilha do Pico”, que, tudo indica, “vai ultrapassar a ilha Terceira em nível de camas”.

Quanto às críticas surgidas no continente sobre a falta de habitação nas grandes cidades dever-se ao crescimento do AL, João Pinheiro reconheceu que “em alguns sítios já começa a haver essa preocupação”, mas não acredita ser essa a justificação.

Não acreditamos que o problema para a falta de habitação esteja no AL, muito pelo contrário, somos, na maioria das vezes, a solução para a reabilitação, para que os sítios e as zonas rurais se desenvolvam”, considerou.

João Pinheiro admitiu, porém, que o facto de o alojamento local por vezes “ajudar na fixação de pessoas” e no desenvolvimento da economia local possa também passar, posteriormente, por falta de habitação nesses locais para onde acabam por ir novos habitantes.

É uma solução para a economia local, que depois cria um problema de habitação porque fixa as pessoas e as traz para aqueles locais, mas não vamos atacar o AL, vamos criar condições para a habitação”, sublinhou.

No primeiro encontro do AL nos Açores, uma das questões que irá estar em cima da mesa são os novos desafios do setor que, de acordo com João Pinheiro, passa pela importância de os proprietários enviarem as estatísticas do negócio, considerando ser esta “uma arma o mais fidedigna possível” para os representantes/governantes “terem a verdadeira noção da importância do AL”.