O bispo da Diocese de Portalegre-Castelo Branco revelou nesta quinta-feira que há registo de dois casos de alegados abusos sexuais naquele território, entre 1958 e 1981, mas os dois padres que supostamente cometeram os atos já morreram.

Em comunicado, publicado na página pessoal da rede social Facebook do bispo da Diocese de Portalegre-Castelo Branco, Antonino Dias explica que os alegados atos terão ocorrido “entre 1958 e 1981”, em “situações e circunstâncias diferentes”.

No documento, Antonino Dias explica ainda que, de acordo com os dados constantes no relatório final da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica em Portugal, foram recebidas denúncias relativas a “cinco alegados casos” de abuso sexual ocorridos no território daquela diocese e referentes a membros da Igreja.

De acordo com o bispo, em três dos casos não era referido o nome dos abusadores e nos outros dois casos, sim.

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Na lista entregue a 3 de março pelo presidente da Comissão Independente, em Fátima, “constam esses dois nomes de abusadores“, que, segundo indica Antonino Dias, já morreram, nomeadamente um na década de 60 e o outro na década de 80 do século passado.

A agência Lusa contactou esta quinta-feira telefonicamente o Paço Episcopal em Portalegre para obter esclarecimentos sobre esta e outras matérias no âmbito destes casos, mas foi informada que Antonino Dias se encontra numa visita pastoral, tendo sido, posteriormente, enviadas por correio eletrónico um conjunto de questões dirigidas ao bispo da Diocese de Portalegre-Castelo Branco.

A Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais na Igreja Católica validou 512 testemunhos, apontando, por extrapolação, para pelo menos 4.815 vítimas. Vinte e cinco casos foram enviados ao Ministério Público, que abriu 15 inquéritos, dos quais nove foram arquivados.

Os testemunhos referem-se a casos ocorridos entre 1950 e 2022, o espaço temporal abrangido pelo trabalho da comissão.

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No relatório, divulgado em fevereiro, a comissão alertou que os dados recolhidos nos arquivos eclesiásticos sobre a incidência dos abusos sexuais “devem ser entendidos como a “ponta do iceberg” deste fenómeno.

A comissão entregou à Conferência Episcopal Portuguesa uma lista de alegados abusadores, alguns no ativo, tendo esta remetido para as dioceses a decisão de afastamento de padres suspeitos de abusos e rejeitado atribuir indemnizações às vítimas.