O Pentágono estará a bloquear a partilha de evidências recolhidas pelos serviços secretos norte-americanos sobre os crimes contra a humanidade cometidos pelas forças russas em território ucraniano com o Tribunal Penal Internacional (TPI), noticiou o The New York Times.

Segundo o jornal norte-americano, que ouviu várias fontes oficiais com conhecimento na matéria, os líderes militares norte-americanos temem que os Estados Unidos da América possam vir a ser alvo de uma investigação pelos mesmos crimes se ajudarem o TPI a julgar a Rússia.

Apesar das reticências do Departamento da Defesa, a restante administração estará a favor da partilha de informações. A questão terá sido abordada durante uma reunião do Conselho Nacional de Segurança (NSC), no passado dia 3 de fevereiro, durante a qual o secretário da Defesa, Lloyd Austin, se terá mostrado inflexível em relação ao tema. Joe Biden ainda não terá tomado uma decisão definitiva.

Questionada pelo The New York Times, a porta-voz do NSC, Adrienne Watson, garantiu que os Estados Unidos “apoiam uma série de investigações realizadas para identificar e responsabilizar os culpados [pelos crimes cometidos pelos russos], incluindo através do gabinete da Procuradoria-Geral da Ucrânia, das Nações Unidas, das missões especializadas estabelecidas pelo ‘mecanismo de Moscovo’ da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa e do Tribunal Penal Internacional, entre outros”.

“As forças russas cometeram crimes de guerra e crimes contra a humanidade na Ucrânia e os ucranianos merecem justiça”, frisou a porta-voz.

O Estatuto de Roma, que criou o TPI, foi desenhado com a ajuda de legisladores norte-americanos. Foi assinado por Bill Clinton em 2000, mas não foi ratificado pelo Senado. O sucessor de Clinton, George W. Bush, retirou a assinatura norte-americana. Apesar de o documento referir que o TPI só pode agir quando os tribunais nacionais são incapazes de avançar com a investigação, os defensores da não participação dos Estados Unidos acreditam que o tribunal pode ser usado pelos inimigos dos norte-americanos para julgar os soldados que lutaram no estrangeiro.

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