O presidente da China sublinhou esta quinta-feira a necessidade de “coordenar e aprimorar” as “capacidades estratégicas” do país, visando “elevar mais rapidamente as Forças Armadas para padrões de classe mundial”, num encontro com representantes do Exército.

Xi Jinping disse que “melhorar as capacidades estratégicas integradas” é fundamental para o objetivo da China de se tornar uma potência global, num mundo cada vez “mais competitivo” e “cheio de desafios”.

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A delegação incluiu representantes militares e da Polícia Armada Popular, uma unidade paramilitar. A reunião ocorreu durante a sessão anual da Assembleia Popular Nacional, o órgão máximo legislativo da China.

“Devemos integrar planos, recursos e forças para enfrentar riscos estratégicos, salvaguardar os nossos interesses e alcançar os nossos objetivos”, disse Xi, citado pela imprensa oficial.

O líder chinês pediu ao Exército que siga as últimas diretrizes estabelecidas pelo Partido Comunista Chinês (PCC), incluindo no “impulso da inovação em ciência e tecnologia”, com foco na “inovação independente e original”.

“Devemos alcançar um alto nível de autoconfiança e força nos setores ciência e tecnologia a um ritmo mais rápido. A resiliência das cadeias industriais e de abastecimento também deve ser melhorada”, acrescentou.

“Uma boa implementação desta política tem profundo significado para a construção de um país socialista moderno, e impulsionará o nosso sonho de ‘rejuvenescimento nacional’, acelerando a modernização do nosso Exército como uma força armada de classe mundial”, apontou Xi.

Os apelos para acelerar o desenvolvimento autossuficiente em ciência e tecnologia, reforçar as capacidades estratégicas ou tornar as cadeias industriais e de abastecimento mais resilientes integram-se numa série de estratégias nacionais, já em andamento, incluindo a iniciativa “Made in China 2025”, para transformar o país numa potência tecnológica, com capacidades em setores de alto valor agregado, como inteligência artificial, ‘chips’ semicondutores, robótica e carros elétricos.

O conceito estratégico para as Forças Armadas referido pelo líder chinês – oficialmente designado “Melhorar as Estratégias Nacionais Integradas e as Capacidades Estratégicas” -, promovido após o 20.º Congresso do PCC, destaca um planeamento mais amplo e a “alocação integrada de recursos e coordenação sob uma liderança unificada”.

“A chave (…) é a integração”, apontou Xi. “O [seu êxito] vai decidir se podemos maximizar as nossas capacidades estratégicas gerais”, apontou.

Os comentários de Xi ressaltaram a determinação de Pequim em acelerar a modernização das Forças Armadas, num período de crescentes tensões com os Estados Unidos e vários países vizinhos, face a reivindicações territoriais, que vão desde os mares do Leste e do Sul da China às fronteiras com a Índia, na região dos Himalaias.

Na terça-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Qin Gang, alertou para a possibilidade de os atritos entre a China e os EUA resultarem em conflito.

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“Se os Estados Unidos não travarem e continuarem a acelerar no caminho errado, nenhuma barreira poderá impedir o descarrilamento e, certamente, haverá conflito e confronto”, disse Qin.

No dia anterior, Xi tinha salientado a frustração chinesa com as restrições impostas pelos EUA no acesso a tecnologia e o apoio de Washington a Taiwan e a blocos militares regionais.

“Os países ocidentais liderados pelos Estados Unidos implementaram uma estratégia de contenção, cerco e repressão total contra a China, o que gerou desafios sem precedentes para o desenvolvimento da nossa nação”, disse Xi, citado pela agência de notícias oficial Xinhua.

No domingo, o primeiro-ministro cessante, Li Keqiang, anunciou um aumento de 7,2% nos gastos militares para 2023, superando a meta de crescimento económico de “cerca de 5%”, estabelecida para este ano.

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Pequim publicou poucos detalhes sobre a estratégia, mas um artigo difundido pelo PLA Daily, o jornal oficial do Exército, em outubro passado, indicou que esta visa “unificar os dois principais objetivos de construir um país próspero e um exército poderoso; e coordenar as duas questões – chave do desenvolvimento e da segurança”.

“A História provou repetidas vezes – um país forte é sempre o resultado combinado de uma economia [robusta] e capacidades de Defesa [poderosas]”, referiu o artigo, acrescentando que o desenvolvimento da Defesa de um país deve estar intimamente ligado à economia e ao desenvolvimento social.

“Desafios nos campos de batalha não são apenas disputas entre os sistemas de Defesa de diferentes países, mas uma competição entre as forças nacionais de forma geral”, apontou.