O primeiro-ministro iraquiano revelou este domingo, em Baçorá (sul), uma campanha para plantar cinco milhões de árvores para combater a desertificação galopante e as tempestades de areia num Iraque que disse estar a ser assolado pelas mudanças climáticas.

“Ilustrado pelo aumento das temperaturas, pela queda das chuvas, pelo aumento das tempestades de areia, as alterações climáticas […] ameaçam a segurança alimentar, a saúde e o meio ambiente”, disse Mohamed Chia al-Soudani, anunciando o lançamento de “uma grande iniciativa de reflorestamento, para plantar cinco milhões de árvores e palmeiras em todas as províncias”.

“Mais de sete milhões de cidadãos foram afetados, muitas regiões estão afetadas pela seca, centenas de milhares de cidadãos foram deslocados depois de perderem os meios de subsistência, pois dependiam da agricultura ou da pesca”, lamentou o chefe do executivo iraquiano num discurso divulgado pelos serviços de assessoria do Governo.

Soudani falava na abertura de uma conferência dedicada ao clima, que começou este domingo e termina segunda-feira, na presença de embaixadores e de funcionários da ONU em Baçorá, a grande cidade portuária no sul do país.

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Na primavera de 2022, o Iraque foi varrido por uma dúzia de tempestades de areia ou de poeira, causando dificuldades respiratórias a milhares de pessoas e obrigando as autoridades a fechar temporariamente escolas e os serviços públicos, bem como a suspender o tráfego aéreo.

Entre as medidas recomendadas para combater o fenómeno, as autoridades citam a criação de cinturas verdes à volta das cidades para servirem de quebra-ventos, num país onde 39% do território está afetado pela desertificação.

O Iraque já foi apelidado como “o país das 30 milhões de palmeiras”, mas décadas de conflito e políticas públicas fracassadas devastaram esse símbolo nacional.

As palmeiras exuberantes e as cinturas verdes que protegiam grandes cidades como Bagdade ou Kerbala (centro) foram abandonadas ou substituídas por bairros de betão.

O Iraque também está a braços com uma queda alarmante no nível dos seus dois rios míticos, o Tigre e o Eufrates. Além das alterações climáticas, a quebra do caudal deve-se sobretudo à construção de barragens a montante, nos vizinhos Turquia e Irão, lamentam as autoridades.

Este domingo, Soudani comprometeu-se a organizar “em breve”, em Bagdade, uma conferência regional para “reforçar a cooperação e o intercâmbio de conhecimentos” diante da mudança climática.

Em 2021, a Arábia Saudita, grande vizinha do Iraque, lançou uma iniciativa verde que visa plantar 10.000 milhões de árvores no território numa década e outras 40.000 milhões adicionais em colaboração com outros países árabes.